Há uma semana estou na Europa. Desembarquei em Lisboa no domingo passado. Sempre que posso desembarco no Velho Mundo, lugar sempre fascinante e surpreendente. Passei um dia na terra do meu poeta favorito, Fernando Pessoa e segui viagem para Holanda. Estou hospedado em Leusden, a 80 km de Amsterdam. Leusden é rural, bucólica, onde se ouve o canto dos pássaros, o barulho do vento. Está frio, faz 10 graus. Nordestino, não gosto de calor, prefiro frio. Ontem visitei Utrecht, com suas ruas cheias de turistas, uma babel, com tantos idiomas ao redor. Estou em Haia, cidade com alguma familiaridade para nós, brasileiros. O baiano Rui Barbosa esteve em Haia como chefe da delegação brasileira na Segunda Conferência Internacional da Paz em 1907, onde ganhou o apelido de “Águia de Haia”. Com brilhante atuação, Rui Barbosa defendeu o princípio da igualdade entre os Estados soberanos, contestando a proposta de classificar as nações com base na força militar para a criação de tribunais internacionais. Sua participação foi fundamental para a vitória do princípio da igualdade e consolidou sua reputação como defensor das pequenas nações.
Quem é de Haia é Mauricio de Nassau, que tem ligação com a história do Brasil. Nassau foi conde e militar germânico que ficou conhecido por ter sido enviado pelos holandeses para administrar a região de Pernambuco durante o período que os holandeses dominaram a região. Maurício de Nassau ficou conhecido por ser um humanista que apreciava as ciências e as artes e tentou desenvolver ambas no Brasil.
Retornou para a Europa por decisão da Companhia das Índias Ocidentais, a empresa que o trouxe para cá, por conta do endividamento dessa e por desentendimentos com Nassau. Poucos anos depois que Maurício de Nassau deixou Recife, a região de Pernambuco foi reconquistada pelos portugueses em 1654.
Visitei a Casa de Mauricio de Nassau, localizado ao lado do Parlamento holandês.
Escrevo essa crônica da mesa do restaurante Le Posthoorn, tradicional centro gastronômico, localizado no centro de Haia, e próximo do Parlamento, local de encontro de intelectuais e políticos. Divido a mesa com as amigas Fernanda Trinta, maranhense, naturalizada holandesa, moradora de Leusden. E, com Kátia Gasille, paulista, também cidadã holandesa. Kátia estava acompanha de Jaap, seu esposo.
Uma das boas coisas boas de andar pelo mundo é encontrar pessoas. Conhecia Kátia apenas pela internet, tínhamos dividido uma live no período pandêmico; hoje dividido a mesa do almoço, compartilhando histórias, criando memórias. No próximo domingo sigo viagem para Reykjavik, Islândia, 152° país visitado. Avante! Sempre em frente.
Luiz Thadeu Nunes e Silva
Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
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