*Por Wellington Robinson Cizino
O ano de 2020 ficará para sempre marcado na memória coletiva como um dos mais desafiadores da história recente. Enquanto o mundo tentava entender e conter a pandemia de COVID-19, os profissionais de saúde enfrentaram o caos de frente, muitas vezes sem os recursos mínimos para se proteger. Um estudo realizado no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, revelou o impacto direto da pandemia sobre esses trabalhadores: quase metade deles foi infectada pelo coronavírus durante a primeira onda da doença.
A pesquisa, conduzida por especialistas da Universidade Federal de Roraima, analisou 343 profissionais que atuavam na linha de frente e nos setores de internação. Os dados mostraram que 43,8% testaram positivo para COVID-19, com destaque para técnicos de laboratório (53,8%) e enfermeiros (51,2%). Os meses de maio, junho e julho concentraram os maiores números de casos, justamente quando o sistema de saúde enfrentava sua maior sobrecarga.
Mas os números não contam tudo. À época, os profissionais lidavam com jornadas exaustivas, medo constante e falta de equipamentos de proteção adequados. Muitos relataram sintomas como febre, cansaço extremo e dificuldades respiratórias — sinais que, naquele momento, ainda eram cercados de incertezas. Além disso, o risco aumentava entre aqueles que usavam EPIs apenas ocasionalmente e entre os que tiveram contato com familiares infectados.
O estudo também revelou que quase metade dos profissionais não receberam capacitação sobre o uso correto dos EPIs, e muitos não se sentiam protegidos no ambiente hospitalar. A ausência de vacinação, somada à escassez de recursos e à pressão emocional, tornou 2020 um ano especialmente cruel para quem estava nos corredores dos hospitais.
Hoje, com a pandemia sob controle e a vacinação amplamente disponível, é hora de olhar para trás com respeito e aprender com os erros. O estudo reforça a importância de investir em protocolos de segurança, treinamento contínuo e suporte psicológico para os profissionais de saúde. Mais do que heróis, eles foram — e continuam sendo — pilares da sociedade.
Este artigo é um convite à memória e à valorização. O estudo completo, disponível em PDF está no site do Conselho de Farmácia www.crfrr.org.br/artigo, traz dados detalhados e recomendações que podem orientar políticas públicas e práticas hospitalares. Que as lições de 2020 sirvam de base para um futuro mais justo, seguro e humano para quem dedica a vida a cuidar dos outros.
Até porque os dados recentes da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) mostram um aumento na taxa para covid-19 pelo segundo mês consecutivo. Através do Boletim Epidemiológico – Covid-19 Roraima 2025, o município de Boa Vista apresentou 41 novos casos positivos na semana 31, 88 casos positivos na semana 32 e 154 casos positivos na semana 33, respectivamente.
Embora não haja motivos para alarde, é necessário manter atenção diante do aumento de casos. A principal medida para prevenir formas graves da covid-19 continua sendo a vacinação, sendo fundamental que todas as doses estejam atualizadas. Bora se cuidar minha gente!
*Farmacêutico Bioquímico, conselheiro Regional de Farmácia, especialista em citologia clínica, análises clínicas e microbiologia. Docente da Universidade Paulista.