Por Joseilson Câmara
Nos bastidores da política de Roraima, uma recente decisão judicial de primeira instância, que declarou a inelegibilidade da deputada federal Helena Lima (MDB), causou um alvoroço calculado. Contudo, para os que acompanham a dinâmica do poder, o veredito soa menos como um ato de justiça e mais como uma peça movida em um tabuleiro pré-eleitoral. A verdade, nua e crua, é que Helena Lima não perdeu seu mandato, segue com seus direitos políticos intactos e continua sendo um dos nomes mais fortes para as eleições de 2026. Tudo segue normal, como era antes.
A sentença, proferida pela 4ª Zona Eleitoral, cassou o mandato de um vereador aliado e, por tabela, mirou na deputada. No entanto, como bem explicam os especialistas, uma decisão de primeira instância está longe de ser um ponto final. Há fragilidades na sentença que tende a ser reformada por unanimidade nas cortes superiores. Na prática, ela é apenas o começo de uma longa batalha jurídica que, com certeza, subirá ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR) e, se necessário, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Somente após o trânsito em julgado nessas cortes superiores é que uma decisão se torna definitiva. Até lá, a deputada segue no pleno exercício de suas funções.
O que chama a atenção, no entanto, é o timing da ação. Em um cenário onde Helena Lima desponta com um projeto político estruturado e um nome consolidado nas pesquisas para 2026, é impossível não questionar: a quem interessa neutralizar uma adversária em plena ascensão? A história política brasileira é pródiga em exemplos de como a máquina judicial pode ser usada para desgastar e minar lideranças que ameaçam o status quo. Processos com inconsistências e baseados em narrativas frágeis são frequentemente inflados pela oposição para gerar uma crise de imagem, na esperança de que a “fofoca” se sobreponha aos fatos.
A Deputada deve estar tranquila e tocando como sempre seu mandato de excelência, sendo a única mulher da bancada federal de Roraima. Isso a coloca em evidência, mas também me coloca na mira.
É comum, em períodos pré-eleitorais, o surgimento de movimentos jurídicos e denúncias como forma de pressão. Figuras bem posicionadas, como é o caso de Helena, tornam-se alvos preferenciais. É a velha tática de tentar vencer no tapetão o que se teme perder nas urnas.
Para o eleitor, fica o alerta: é preciso discernimento para separar o joio do trigo, a manobra política da verdadeira justiça. O mandato de Helena Lima não apenas está mantido, como seu projeto para 2026 parece ganhar ainda mais força, impulsionado pela certeza de que, na política, os ataques mais ferozes são quase sempre um sinal de que se está no caminho certo. Os poderosos estão incomodados.
*Gestor público especializado em análise política, com mais de 20 anos de atuação na área, além de experiência na coordenação de órgãos públicos nas esferas federal e municipal.