Cotidiano

Piscicultura sempre terá competitividade, diz produtor

Leo Daubermann

Editoria de Política

A piscicultura em Roraima passa por um momento econômico favorável e sempre terá competitividade no mercado regional, conforme afirmou o piscicultor Aniceto Wanderley em entrevista ao programa Agenda da Semana de ontem, 17, na Rádio Folha FM 100.3.

Considerado um dos maiores empreendedores de piscicultura de grande porte da Região Norte e o maior produtor de tambaquis em cativeiro do Brasil, Aniceto Wanderley afirmou também que o clima, vento, sol e a qualidade da água em Roraima qualificam o Estado para se tornar o principal produtor de peixe de cativeiro do Norte em poucos anos.

“O nosso mercado sempre será competitivo, estamos atacando os pontos fundamentais. Primeiro, a qualidade genética do peixe. Segundo ponto, nós temos a melhor água do Brasil, isso é indiscutível, porque a alcalinidade e pureza dela são superiores a 40%, o que faz com que crie um efeito tampão onde não há oscilação de PH durante o dia. Hoje, não há necessidade de colocarmos um volume de calcário para adubação da água, ela já vem com essa estabilidade”, disse.

De acordo com o piscicultor, a competitividade faz com que o produtor avance e saia da zona de conforto.

“A gente não pode se acomodar. Atualmente, vendemos peixe para o Amazonas, mas na nossa visão de futuro nós não podemos pensar naquele estado como nosso único mercado. Temos que pensar no mercado exterior e para que isso aconteça é preciso ter preço, qualidade e respeito ao meio ambiente”, ressaltou.

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PRODUÇÃO – O empreendimento do piscicultor é de mais de 1.300 hectares de lâmina d’água, mas a intenção é dobrar essa produção.

“Estamos com um projeto para os próximos dez anos de chegar a três mil hectares de lâmina d’água. Em média, produziríamos algo em torno de 20 a 24 mil toneladas de peixes”, assegura.

De acordo com Wnaderley, caso seja incorporada, numa segunda etapa, a aeração [incorporar oxigênio na água, evitando acúmulo de gases tóxicos que podem ocasionar a morte dos peixes], a produção pode ser triplicada.

“Nós sairíamos de 20 mil toneladas para 60 mil. Hoje, produzimos em torno de 6 a 8 mil toneladas por hectare”, destaca.

CADEIA PRODUTIVA – Para chegar à produção atual, Aniceto Wanderley conta que teve que empreender, definir estratégias e identificar os problemas na cadeia produtiva da piscicultura e atacá-los, aumentando assim a competitividade.

“Quando iniciamos na piscicultura, encontramos todo o tipo de dificuldades. A nossa ração vinha de São Paulo, chegava aqui pelo dobro do preço, e a gente competia com o próprio produtor de São Paulo ou de Rondônia. Surgiu a necessidade da construção de uma fábrica de ração, ainda em 2007. Hoje, a estrutura já foi ampliada e supre toda nossa demanda”, disse.

O melhoramento genético também foi uma preocupação do piscicultor, que investiu em tecnologia. Ele produz alevinos e exporta para os Estados do Amazonas, Tocantins, Mato Grosso.

“Como nós não temos instituições voltadas para a piscicultura aqui no Estado, fomos buscar parcerias fora. Nós temos parceria, através de convênio, com a Embrapa Pesca e Aquicultura do Brasil, um projeto de pirarucu e também melhoramento genético, uma parceria com Cenargen, que é o Centro de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa. Buscamos parcerias com universidades federais, com Embrapa Amazônia Ocidental”, explica.

De acordo com o piscicultor, no centro tecnológico, após o melhoramento genético, são produzidos alevinos com 15% a mais de ganho de peso do que os produzidos anteriormente, com a mesma quantidade de ração.

ENERGIA SOLAR – A questão energética também foi um dos problemas identificados pelo piscicultor.

“Temos uma energia de péssima qualidade e muito cara. E qual a melhor saída? Buscar a energia solar, e isso em curto prazo. Nós temos financiamento nas instituições bancárias, cujas parcelas para instalar painéis solares na minha empresa são menores do que a conta de energia”, ressalta.

Segundo Aniceto Wanderley, a empresa consome mais de cem mil quilowatts por mês. “Quando todos os equipamentos estão ligados, representam quase 1% do consumo da cidade de Boa Vista. Preciso de uma alternativa viável e econômica”, destaca. (L.D.)