
Trinidad e Tobago, País vizinho da Venezuela, reduziu 82% do número de vistos de trabalho para venezuelanos. Em 2024, foram 4.275 autorizações diante de apenas 757 emitidas entre janeiro e outubro de 2025.
A queda é um dos primeiros resultados da chegada da primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar, do partido Congresso Nacional Unido (UNC), ao poder, em maio. Antes, o arquipélago trinitário era governado pelo Movimento Nacional do Povo (PNM), que flexibilizava a entrada de migrantes que fugiam da ditadura de Nicolás Maduro.
Na Venezuela, a política trinitária recebeu críticas do ministro do Interior e secretário-geral do partido de Maduro, Diosdado Cabello. Ele acusou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, de estar por trás dessa decisão.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O relatório de 2024 da Plataforma Interagencial de Coordenação para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V) aponta 29.509 venezuelanos residentes no País. O jornal trinitário Guardian registra que, nos últimos seis anos, houve migrantes vítimas de exploração e discriminação, enquanto outros foram deportados por cometerem crimes.
Entre 2020 e 25 de agosto deste ano, segundo o jornal, 55 cidadãos venezuelanos foram assassinados em Trinidad, sendo dez mulheres. Sete desses homicídios foram classificados como relacionados ao narcotráfico.
Saída da ilha e Roraima entre os destinos
Na semana passada, o Ministério da Segurança Interna anunciou a prisão seguida de deportação de todos os migrantes em situação irregular. De acordo com o jornal trinitário Newsday, o anúncio levou principalmente venezuelanos a começar a abandonar casas alugadas e empregos, além de vender os poucos bens que restaram.
Ademais, segundo o jornal, agências de viagens apontam Boa Vista, capital de Roraima, como uma das principais cidades alvo das buscas. Um dos agentes ouvidos, Luis Arias, disse que, nas últimas semanas, o número de venezuelanos na ilha que desejam ir para países vizinhos, incluindo o Brasil, triplicou, e que famílias inteiras estão comprando bilhetes só de ida.
Tensão com a Venezuela
A relação amistosa entre Trinidad & Tobago e Venezuela estremeceu após a ilha de cinco mil quilômetros quadrados, que abriga 1,5 milhão de habitantes, receber a visita do navio de guerra norte-americano USS Gravely para exercícios militares conjuntos, em meio à política do Governo Trump de pressionar o regime de Maduro.
O governo venezuelano interpretou o movimento como uma ameaça orquestrada pelos Estados Unidos, rompeu um acordo de energia firmado há dez anos com o País vizinho e influenciou a Assembleia Nacional venezuelana a tornar a primeira-ministra trinitária Kamla Persad-Bissessar “persona non grata” em seu País.