Israel lançou na madrugada desta sexta-feira (13), uma série de ataques contra alvos estratégicos no Irã, incluindo instalações nucleares e figuras-chave das forças armadas iranianas. A ação foi confirmada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que afirmou se tratar de um ataque “preventivo” diante das ameaças nucleares vindas de Teerã. O Irã prometeu uma resposta à altura e classificou a ofensiva como uma “declaração de guerra”.
Entre os mortos confirmados pela mídia estatal iraniana estão o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami, e o cientista Fereydoon Abbasi, ex-chefe da agência nuclear do país. O governo do Irã afirmou ainda que seis cientistas ligados ao seu programa nuclear morreram na operação.
A ofensiva, batizada de “Operação Leão Ascendente” por Israel, teria envolvido mais de 200 jatos e dezenas de alvos militares e nucleares em território iraniano. De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), o ataque visou diretamente o “coração” do programa de enriquecimento nuclear iraniano, especialmente a instalação de Natanz, localizada a cerca de 225 km da capital, Teerã.
Clima de tensão
Em pronunciamento, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, condenou a ação israelense e afirmou que o país “preparou para si um destino amargo, que certamente receberá”. Já o porta-voz das Forças Armadas iranianas, Abolfazl Shekarchi, declarou que tanto Israel quanto os Estados Unidos “pagarão um preço alto”. Em resposta, o Irã lançou cerca de 100 drones contra Israel, que, segundo o governo israelense, foram interceptados.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, enviou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU pedindo ação imediata diante do ataque e reforçando o caráter “unilateral” da ofensiva israelense. Os Estados Unidos confirmaram que não participaram da operação e classificaram a decisão de Israel como independente.
População em alerta
O clima de apreensão tomou conta de cidades israelenses como Tel Aviv e Jerusalém, onde sirenes foram acionadas por volta das 3h da manhã (horário local) alertando para uma “ameaça significativa”. Supermercados registraram corrida por alimentos e água, e o governo declarou estado de emergência em todo o país.
Hospitais começaram a liberar pacientes que já estavam em condições de alta, enquanto as autoridades de saúde convocaram a população para doação de sangue. Na Cisjordânia, foi determinado lockdown em todas as cidades palestinas por tempo indeterminado.
Impactos no Irã e na região
O ataque afetou diretamente a capital iraniana, onde áreas residenciais e o quartel-general da Guarda Revolucionária foram atingidos. Imagens divulgadas por agências internacionais mostram prédios destruídos e carros danificados. O Aeroporto Internacional Imam Khomeini, em Teerã, suspendeu voos, e o Irã fechou seu espaço aéreo.
Segundo a BBC, companhias aéreas do Catar e de outros países da região estão cancelando voos para o Irã e o Iraque, por temor de novos ataques. Grupos paramilitares apoiados pelo Irã no Iraque também ameaçaram atingir interesses dos EUA no caso de uma escalada militar.
Alvo nuclear e condenação internacional
Em comunicado, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, considerou os ataques israelenses “profundamente preocupantes” e alertou para riscos à segurança regional e internacional.
“Tenho afirmado repetidamente que instalações nucleares jamais devem ser atacadas, pois isso pode prejudicar tanto as pessoas quanto o meio ambiente”, afirmou Grossi.
A AIEA confirmou nesta semana que o Irã violou, pela primeira vez em 20 anos, obrigações de não proliferação nuclear. Segundo o relatório, Teerã enriqueceu urânio a até 60% de pureza, o que permitiria, tecnicamente, a produção de até nove ogivas nucleares. O Irã alega que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos e classificou a denúncia da AIEA como “política”.
Operação em curso
De acordo com analistas internacionais, a operação iniciada por Israel é mais intensa do que outras ofensivas recentes no Oriente Médio. A avaliação é de que o país busca, além de enfraquecer o programa nuclear iraniano, atingir a estrutura de comando e reduzir a capacidade de resposta de Teerã.
Netanyahu declarou que a Operação Leão Ascendente “continuará por quantos dias forem necessários” e reforçou que o risco de o Irã desenvolver uma bomba nuclear em curto prazo é uma ameaça real à existência de Israel.