
Três meses após o início do novo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, o número de travessias ilegais na fronteira sul do país caiu para níveis historicamente baixos — um reflexo direto das políticas migratórias mais rigorosas e do reforço militar na região.
De acordo com dados internos do governo norte-americano obtidos pela rede CBS News, aproximadamente 8.400 pessoas foram detidas em abril ao tentar cruzar a fronteira com o México sem autorização legal. O número representa um leve aumento em relação a março, quando foram contabilizadas 7.200 detenções, mas permanece alinhado com os 8.300 registros de fevereiro.
Apesar da oscilação modesta, o trimestre marca o período com os menores índices mensais de detenções desde que a Patrulha de Fronteira dos EUA começou a divulgar dados sistemáticos em 2000. Comparando com o histórico anterior, as apreensões mensais abaixo de 9.000 não eram registradas desde o final da década de 1960 — época anterior às grandes ondas migratórias contemporâneas.
Imigração ilegal
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A administração Trump vem promovendo uma ofensiva rigorosa contra a imigração ilegal, uma das principais bandeiras do presidente desde a campanha eleitoral. Entre as medidas, destacam-se o endurecimento de políticas de asilo, a ampliação da presença da Guarda Nacional na fronteira e a intensificação das operações da Patrulha de Fronteira.
Autoridades do governo interpretam os números como um indicativo de “dissuasão efetiva”. Segundo um porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS), “o novo clima político e as ações de segurança têm enviado um sinal claro de que entrar ilegalmente nos Estados Unidos trará consequências imediatas”.
Especialistas, no entanto, pedem cautela na leitura dos dados. Para analistas em imigração, o número reduzido de detenções pode refletir não apenas o reforço na vigilância, mas também fatores sazonais e dinâmicas econômicas nos países de origem dos migrantes.
Direitos humanos
Enquanto isso, organizações de direitos humanos expressam preocupação com o impacto humanitário da política de tolerância zero. Em muitos casos, migrantes — inclusive famílias e menores de idade — seguem tentando entrar nos EUA por rotas mais perigosas e remotas, arriscando a vida no processo.
Com o debate sobre imigração novamente no centro da política norte-americana, o governo Trump promete manter a pressão e ampliar ações de dissuasão nos próximos meses. Resta saber se a tendência de queda nas travessias ilegais se consolidará como um fenômeno duradouro — ou apenas momentâneo.