
Com mais de 40 mil estrangeiros dependentes de ajuda humanitária, majoritariamente venezuelanos, Trinidad & Tobago, o pequeno País situado em frente à Venezuela, anunciou a prisão seguida de deportação de todos os migrantes em situação irregular.
De acordo com o jornal trinitário Newsday, o anúncio do Ministério da Segurança Interna levou o público, principalmente venezuelanos, a começar a abandonar casas alugadas e empregos, além de vender os poucos bens que restaram.
A pasta disse que os migrantes devem permanecer em um centro de detenção de imigrantes até a repatriação e alega que a ideia é controlar a migração ilegal. Venezuelanos ouvidos pelo jornal local revelam temor com a medida.
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Entre eles, Mariana Lopez, de 34 anos, que vai recomeçar a vida do zero no Brasil, um dos principais destinos desse novo êxodo. Segundo a publicação, o País abre as portas para trabalhadores e pequenos investidores venezuelanos.
Ademais, segundo o jornal, agências de viagens apontam Boa Vista, capital de Roraima, como uma das principais cidades alvo das buscas. Um dos agentes ouvidos, Luis Arias, disse que, nas últimas semanas, o número de venezuelanos na ilha que desejam ir para países vizinhos, incluindo o Brasil, triplicou, e que famílias inteiras estão comprando bilhetes só de ida.
Desde 2014, quase 7,9 milhões de pessoas deixaram a Venezuela por causa da crise política e econômica, segundo a ACNUR (Agência para Refugiados da ONU). De acordo com a OIM (Organização Internacional para as Migrações), o Brasil registrou 1.360.593 entradas de migrantes e refugiados vizinhos – 73% deles passaram por Pacaraima (RR).
Crise Venezuela x Trinidad & Tobago
A relação amistosa entre os países vizinhos estremeceu após a ilha de cinco mil quilômetros quadrados, que abriga 1,5 milhão de habitantes, receber a visita do navio de guerra norte-americano USS Gravely para exercícios militares conjuntos.
O governo do ditador Nicolás Maduro interpretou o movimento como uma ameaça orquestrada pelos Estados Unidos, rompeu um acordo de energia firmado há dez anos com o País vizinho e influenciou a Assembleia Nacional venezuelana a tornar a primeira-ministra trinitária Kamla Persad-Bissessar “persona non grata” em seu País.
O anúncio da deportação de migrantes, por sua vez, já repercute na Venezuela. O secretário-geral do partido de Maduro e ministro do Interior, Diosdado Cabello, afirmou que as recentes ações trinitárias reservam ao seu País o direito de se defender.
“Hoje é 3 de novembro e seguimos em paz. Não será a presidente de Trinidad & Tobago, com suas provocações, que vai nos fazer descarrilar o trem da paz”, declarou à imprensa venezuelana.