Após décadas de rivalidade e acusações mútuas, Israel e Irã entraram em confronto direto neste mês, numa escalada sem precedentes que reacende o temor de uma guerra regional. O estopim: o avanço do programa nuclear iraniano.
A ofensiva israelense teve início na última quinta-feira (12) com bombardeios coordenados contra instalações nucleares e militares no Irã. A ação, que contou com cerca de 200 aeronaves e mais de 100 alvos atingidos, foi descrita como a maior operação aérea desde a Guerra Irã-Iraque. O objetivo declarado era neutralizar a capacidade nuclear do Irã, classificada por Tel Aviv como “ameaça existencial”.
A resposta iraniana veio menos de 24 horas depois. Na noite de 13 de junho, Teerã lançou mais de 150 mísseis balísticos e 100 drones contra cidades israelenses, como Tel Aviv e Haifa, numa ofensiva batizada de “Promessa Verdadeira III”. A troca de ataques prossegue pelo terceiro dia consecutivo, com novas ondas de bombardeios israelenses e retaliações iranianas.
O avanço nuclear do Irã
Relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) apontam que, desde o início de 2025, o Irã acelerou o enriquecimento de urânio, ultrapassando o nível de 90% — o suficiente para a fabricação de uma ogiva nuclear (cabeça de míssil). Em resposta, Israel declarou que “não permitirá que o Irã se torne um Estado nuclear” e passou a mobilizar sua Força Aérea.
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A operação foi autorizada em meio ao impasse diplomático entre Teerã e o Ocidente. O colapso do acordo nuclear de 2015, a ausência de negociações efetivas e o apoio contínuo do Irã a grupos armados como Hezbollah e Hamas foram citados por Tel Aviv como justificativas para o ataque.
O que está em jogo
A intensificação do conflito tem múltiplas implicações:
- Risco de guerra regional: A troca de ataques diretos entre dois dos principais atores do Oriente Médio aumenta o risco de envolvimento de aliados, como o Hezbollah no Líbano e grupos armados no Iêmen, Iraque e Síria.
- Resposta global: Os Estados Unidos manifestaram apoio à defesa de Israel, enquanto a Rússia e a China pedem contenção. O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) convocou uma reunião de emergência.
- Economia e energia: A instabilidade ameaça o fluxo de petróleo na região do Golfo, o que pode pressionar os preços globais e gerar impacto em cadeias logísticas.
- Segurança internacional: A possibilidade de proliferação nuclear e a escalada de ataques cibernéticos tornam o conflito uma preocupação além das fronteiras do Oriente Médio.
Reações e desdobramentos
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “Israel não descansará até que a ameaça iraniana seja neutralizada”. Por sua vez, Masoud Pezeshkian, presidente iraniano, declarou que “a agressão não ficará sem resposta” e acusou Tel Aviv de violar o direito internacional.
A diplomacia internacional tenta agir para evitar que a crise se transforme em uma guerra generalizada. Mas, com o acirramento das hostilidades e o histórico de desconfiança entre as partes, o caminho para a redução da intensidade do conflito ainda é incerto.