Uma pesquisa realizada pelo Observatório Fundação Itaú em parceria com o Datafolha aponta que, embora a Inteligência Artificial (IA) já faça parte do cotidiano da maioria dos brasileiros, grande parte da população ainda não compreende totalmente o que a tecnologia significa.
De acordo com o levantamento, 82% dos entrevistados já ouviram falar sobre IA, mas apenas 54% afirmam entender o termo. Outros 46% dizem não compreender e 18% nunca ouviram falar. Apesar disso, 93% utilizam ferramentas que aplicam IA em alguma medida, seja para trabalho, lazer ou estudo.
A pesquisa indica que 75% dos brasileiros percebem a presença da IA no dia a dia, com maior incidência entre jovens, pessoas de maior escolaridade e das classes econômicas mais altas. Entre os usos mais comuns estão atividades de trabalho e entretenimento (50%) e estudos (47%).
Riscos e benefícios percebidos
Os entrevistados também reconhecem tanto os potenciais benefícios quanto os riscos da tecnologia. Para 41%, a IA pode contribuir principalmente para a melhoria da qualidade da educação, além de impulsionar a ciência e a inovação. Por outro lado, 49% veem a IA como ameaça ao emprego ou profissão, e **41% já ouviram falar de casos em que trabalhadores foram substituídos por sistemas inteligentes.
Outro dado relevante mostra que 42% temem a coleta e o uso de dados pessoais sem controle, enquanto 82% defendem que conteúdos gerados ou alterados por IA sejam identificados por lei.
Desinformação e redes sociais como fonte
A pesquisa também mostra que o conhecimento sobre IA ainda é superficial. Entre os que dizem saber algo sobre o tema, 66% afirmam que sua principal fonte de informação são as redes sociais, o que pode contribuir para percepções equivocadas sobre a tecnologia.
Desafios para ampliar o entendimento
Para Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, os resultados reforçam a necessidade de ampliar o debate sobre IA no Brasil:
“Embora ainda não conheçam plenamente o que ela significa e quais são as suas implicações, os brasileiros já utilizam a tecnologia em diferentes situações do cotidiano e demonstram interesse por ela, reconhecendo tanto seus riscos quanto seus potenciais benefícios. Ainda assim, é fundamental aprofundar esse conhecimento em todas as gerações — em especial entre aqueles acima de 60 anos”, destacou.
Ele ressalta que o tema não deve ficar restrito a especialistas:
“Trata-se de um assunto que, pela sua complexidade e por impactar diretamente a vida de grande parte da população, precisa ser debatido de forma ampla pela sociedade.”
Metodologia
A pesquisa “Consumo e uso de Inteligência Artificial no Brasil” foi realizada entre 7 e 15 de julho de 2025, com 2.798 pessoas de 16 anos ou mais, em todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando nível de confiança de 95%.
Entre as regiões, o Sudeste concentra o maior percentual de pessoas que já ouviram falar de IA (88%), enquanto o Nordeste apresenta o menor índice (73%). A familiaridade também é maior em áreas metropolitanas (87%) do que no interior (79%).