COLUNA PARABÓLICA

Lula escolheu Roraima, o menos amazônico dos estados, para comemorar o Dia da Amazônia

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Bom dia,

Pois é, como registra a nota logo abaixo, o presidente Lula da Silva (PT) escolheu Roraima, o menos amazônico dos estados brasileiros, para comemorar o Dia da Amazônia. Nosso estado tem cerca da metade de sua superfície coberta por campos naturais, o lavrado, muito diferente da Hileia fechada, que caracteriza vasta área das demais unidades da Federação que ficam na região. Roraima também já apresenta quase 70% de seu território dentro das chamadas áreas protegidas, aí incluídas as unidades de conservação ambiental e as terras indígenas.

Lula não se descuida de construir sua própria narrativa, como ele mesmo declarou. Às vésperas de mais uma viagem internacional – e dessa vez justificadamente, afinal ele vai representar o Brasil na reunião do G-20 e na abertura da Assembleia Geral da ONU-, o presidente petista vai levar sua principal cereja do bolo em matéria de política internacional, a Amazônia. Em seus discursos nesses eventos vai dizer que está cumprindo obedientemente sua promessa de mantê-la intocada, como lhe recomendou o rei Charles III, do Reino Unido.

E quem paga a conta dessa demonstração de obediência agora é, sem dúvida, Roraima. E como diz a máxima da sabedoria popular; “formiga sabe a folha que corta”. Lula da Silva sabe com quem tá lidando. Sabe por exemplo que Roraima está com seu governador colocado contra a parede, por conta de uma cassação de mandato, que lhe tira a capacidade de uma reação mais incisiva contra qualquer esbulho eventualmente praticado pelo governo central. Sabe também que, ressalvadas algumas poucas exceções, a bancada federal do estado é dócil e disposta a negociar outras concessões menores em troca do futuro comprometimento do desenvolvimento de todos nós.

PARIMA

O presidente Lula homologou ontem, por conta do Dia da Amazônia, a criação da Floresta Nacional do Parima, uma área com mais de 100 mil hectares, situada na região Oeste de Roraima, no município de Amajari. Desde junho, parlamentares locais anunciavam o recebimento de um ofício endereçado ao governo do estado pelo Ministério do Meio Ambiente, declarando essa intenção.

AMPLIAÇÃO

Na mesma canetada, Lula ampliou a área do Parque Nacional do Viruá, na região entre os municípios de Caracaraí e Rorainópolis, em mais de 100 mil hectares, e ainda da Estação Ecológica de Maracá, conforme informações, em mais de 50 mil hectares. Por ironia do destino, mais cedo, o governo estadual divulgou dados apontando que Roraima possui o terceiro menor registro de desmatamento da Amazônia Legal.

EQUOTERAPIA 1

Profissionais que atuam no serviço de Equoterapia do governo do estado tiveram suas gratificações cortadas no mês de agosto, pela falta de solução prática e acordo interno entre secretarias estaduais. O caso acabou se tornando público, por meio de denúncias à imprensa e ontem foi o mote de discursos de deputados estaduais, durante sessão da Assembleia Legislativa, puxados pelo deputado Cláudio Cirurgião (União Brasil).

EQUOTERAPIA 2

Conforme eles, o serviço passou a ser de responsabilidade da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) e a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (SEED) deixou de pagar as bonificações. Resultado: todos saem perdendo. O usuário que deixa de contar com o serviço, os monitores que sentem no bolso o baque da falta de decisão, e o governo, já com uma imagem tão desgastada e que se vê novamente sendo alvo de críticas, pela falta de habilidade de seu primeiro escalão.

MEDIAÇÃO

Alguns deputados aproveitaram a deixa para tentar mediar o problema e até para prometer recursos via emendas parlamentares para o próximo orçamento, inclusive cabe aos beneficiários do programa acompanhar. Cláudio Cirurgião, que puxou o coro dos insatisfeitos, pediu uma reunião urgente com o governador, comissão de deputados e professores da Educação Especial, em busca de solução imediata.

INCONSTITUCIONAL

A deputada Aurelina Medeiros (PP) voltou a comentar sobre projetos aprovados pelo Poder Legislativo local que acabam sendo declarados inconstitucionais pela Justiça e, em alguns casos, prejudicando diretamente a quem deveriam beneficiar. Dessa vez o caso em tela foi uma iniciativa aprovada pelos deputados concedendo gratificações a profissionais da educação e que, em junho passado, foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

ESCLARECIMENTOS

A deputada explicou que a lei brasileira veda alterações significativas propostas pelo Legislativo e que resultem em gastos para o Poder Executivo, e esclareceu que na situação específica de gratificações para Centros Regionais de Educação, o benefício foi concedido por emenda parlamentar. Embora o discurso de Aurelina não seja bem-visto por colegas políticos, está carregado de razão e de bom senso. Registrado!