CONTEÚDO PATROCINADO-

Paçoca é reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Roraima

Projeto apresentado pelo presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio, foi transformado em lei em fevereiro deste ano

Conteúdo Especial

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE RORAIMA
Paçoca é feita com carne  de sol e farinha – Foto Jader Souza
Paçoca é feita com carne de sol e farinha – Foto Jader Souza


Paçoca de carne de sol? A comida soa estranho para quem vive em outras regiões do Brasil, onde a paçoca de amendoim é mais comum. Contudo, é uma iguaria no cardápio roraimense, que ainda acrescenta a banana e o cafezinho. A paçoca de carne seca, misturada com a farinha de mandioca – originalmente indígena – pode ser comprada em diferentes pontos da capital e do interior, por preços que variam conforme a quantidade.

Desde fevereiro de 2025, o prato passou a ser reconhecido como Patrimônio Cultural
Imaterial de Roraima, por meio da Lei nº 2.108/2025, uma proposta que partiu do presidente da Assembleia Legislativa (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio (Republicanos). O parlamentar explicou que a ideia do projeto partiu da necessidade de preservar a identidade local e reforçar que a paçoca é fonte de renda para inúmeras famílias.

Presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio é autor da matéria – Foto:
Eduardo Andrade


“Faz parte do cardápio roraimense a nossa paçoca de carne de sol com banana. Além disso, temos vários empreendimentos que são referência na produção do alimento, gerações e gerações que adotam a paçoca como fonte de renda. E a nossa paçoca é diferente da de outras regiões, é feita de carne, no pilão, então é mais saborosa. Tivemos, portanto, essa preocupação, por meio da criação desta lei, de manter a nossa cultura e a nossa culinária vivas”, declarou Sampaio.


Décadas de produção


A lei que reconhece a paçoca de carne de sol como patrimônio do Estado leva o nome de “Lei Tia Nêga”, uma homenagem a Maria Perpétua Mangabeira, conhecida como Tia Nêga. Ela faleceu em 2018, aos 76 anos, e é considerada uma das pioneiras na produção do alimento em Roraima. Para o parlamento estadual, a história representava não apenas a força do empreendedorismo, mas também a cultura alimentar local.
Filha de Tia Nêga, Elane Mangabeira lembra que o pai contava que o avô dela salgava a carne para levar às regiões de garimpo, décadas atrás. Ele então teve a ideia de misturar a carne com a farinha e vender no açougue que possuía, dando origem, assim, à fonte de renda da família que perdura até hoje. O que se iniciou com um quilo, hoje chega a toneladas por ano, fortalecendo a história do empreendimento.

Paçoca se tornou legado na família de Elane Mangabeira – Foto: Jader Souza

“Eu fiquei muito feliz com a lei, porque leva o nome da minha mãe, que foi uma pioneira na produção e venda de paçoca. É muito importante para mim e para todos aqueles que têm a produção e a venda como fonte de renda. É um reconhecimento do Estado para a nossa contribuição econômica e histórica. Além disso, é essencial para que as pessoas conheçam a culinária roraimense, o sabor e a qualidade da paçoca”, destacou Elane.

‘Melhor comida do mundo’

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), são considerados como patrimônio cultural imaterial as práticas e os domínios da vida social, passados de geração em geração, que geram sentimento de continuidade e identidade. Essas atividades podem, inclusive, ser modificadas com o passar do tempo pela própria comunidade. Celebrações, comidas típicas – como a paçoca de carne de sol -, expressões, músicas e lugares, são exemplos desse reconhecimento.

Paçoca se tornou legado na família de Elane Mangabeira – Foto: Jader Souza


Essa ampliação foi possível com a Constituição de 1988, que permitiu estender o
reconhecimento para práticas rotineiras dos diferentes povos, como forma de preservar
culturas e identidades. Em Roraima, por exemplo, a Assembleia Legislativa já reconheceu algumas atividades como patrimônio cultural imaterial: o hip-hop, as festas juninas, a Banda de Música da Polícia Militar (PMRR), o conjunto arquitetônico e a encenação da Paixão de Cristo em Mucajaí, o Festejo de Bonfim, a vaquejada e o Festejo do Quarto de Bode.


Quem não abriu mão de levar paçoca para o outro lado do mundo foi a roraimense Débora de Figueiredo Lima. A enfermeira e health care assistant vive atualmente na Irlanda e, quando arrumava as malas para cruzar o Atlântico, decidiu que a paçoca não podia faltar. Ela ainda levou outras comidas típicas do Norte do Brasil, como farinha, farinha de tapioca e bombons regionais.



“É a melhor comida do mundo. Como boa nortista de Roraima, a ideia surgiu como forma de me sentir em casa, mais perto da minha cultura. Trouxe porque sabia que sentiria muita falta da comida do Norte, especialmente a paçoca com banana, que é bem tradicional. Sempre que tenho oportunidade, falo para os estrangeiros sobre nossa cultura. Alguns acham que a farinha da foto que mostro é a mesma que pode ser encontrada aqui, e digo que não é, e eles ficam surpresos, querendo experimentar. Mas, infelizmente, aqui não tem carne seca para fazer a paçoca”, comentou Débora, ao acrescentar que come pouco a pouco para render mais.

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