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Oniomania: entenda quando o ato de comprar vira compulsão

De acordo com especialista, o uso de aplicativos em períodos ociosos favorece o aumento do consumismo, já que é possível se endividar com apenas um clique

Imagine que você foi ao shopping comprar um sapato, e quando viu já estava com várias sacolas, uma de cada loja. Ou até mesmo abrir um aplicativo de compras só para dar aquela famosa “olhadinha”, e em minutos já estava escolhendo a forma de pagamento, depois de ter enchido o carrinho? Provavelmente você se identificou ou se lembrou de alguém que também age assim, não é mesmo? 

Comprar em excesso ou procurar motivos para comprar, é algo comum e faz parte da rotina de milhares de brasileiros. Mas até quando esse hábito é considerado saudável? Comprar coisas por impulso, sem necessidade alguma, pode ser sinal de oniomania. A certeza desse transtorno compulsivo é quando a pessoa não resiste à pressão da compra, o que a leva a ter prejuízos financeiros e a se sentir culpada.

Para a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, Mariana Pessoa, o ato compulsivo pode estar relacionado com o desejo de preencher um vazio emocional, comprando objetos materiais que podem dar um contentamento por pelo menos alguns instantes. Porém, a satisfação da nova compra não dura muito tempo e, em um curto período, outra é feita.

“As pessoas muitas vezes fazem compras em excesso na intenção de diminuir a ansiedade ou preencher algum vazio. Então elas usam isso como mecanismo de fuga. Porque quando a gente compra uma coisa nova, tem uma parte no cérebro que é ligada ao sistema de recompensas, fazendo com que a gente se sinta bem, liberando uma serotonina”, disse. 

“A gente chama isso de transtorno aditivo. As pessoas agem assim, porque se sentem aliviadas e preenchem determinados vazios que estão sentindo. Você se sente saciado na hora, mas uma coisa nova, se torna velha. Então logo você sente necessidade de comprar de novo”, continuou.

Ainda de acordo com Mariana, o uso de aplicativos em períodos ociosos favorece o aumento do consumismo, já que é possível se endividar com apenas um clique. “Podemos analisar melhor quando trazemos o contexto da pandemia. Durante esse período as pessoas estavam mais ociosas em casa, então a compulsão agravou significativamente, porque querendo ou não, comprar é um passatempo. Você pega um aplicativo para ficar olhando produtos, começa a colocá-los no seu carrinho e com um clique é só esperar o correio chegar”, exemplificou. 

Segundo a especialista, todos os prazeres de um oniomaníaco estão voltados para o ato de comprar e para o excesso. “As pessoas costumam entulhar as coisas na casa, seja produtos de beleza, seja cosméticos, seja vestimenta.. Elas vão acumulando sem a mínima necessidade. Comprar por excesso todos nós cometemos em algum momento, é normal, mas o que vai fazer com que você tenha impacto financeiro e te colocar no vermelho , é agir sem freio”, comentou. 

“Compulsão por compras é uma coisa que dá pra lidar, a oniomania tem cura. A melhor saída é procurar por ajuda.  Para tratar esse transtorno, é necessário procurar um especialista, um psicólogo. Nem todo caso é preciso tomar medicamento e isso só com a terapia cognitiva e comportamental, a pessoa já obtém muito êxito”, concluiu a psicóloga.