Aretha é a sexta brasileira a vencer o desafio de escalar os 8.848 metros do Everest (Foto Divulgação)
Aretha é a sexta brasileira a vencer o desafio de escalar os 8.848 metros do Everest (Foto Divulgação)

Poucas montanhas carregam tanto simbolismo quanto o Monte Roraima e o Monte Everest. Um, ancestral, envolto em névoa, água e espiritualidade na fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. O outro, o ponto mais alto do planeta, ícone máximo do desafio humano. Em Da Sucata ao Everest – A saga de Aretha Duarte, essas duas montanhas se conectam como capítulos essenciais da trajetória da primeira mulher negra latino-americana a chegar ao topo do mundo.

Aretha Duarte é montanhista, ativista ambiental, empreendedora social, professora de educação física e TEDx Speaker. Antes do Everest, sua história foi sendo escrita em cumes e travessias que moldaram não apenas sua técnica, mas sua visão de mundo: Pequeno Alpamayo, Campo Base do Everest, Kilimanjaro, Elbrus, vulcões do Equador, Aconcágua — escalado cinco vezes — e o emblemático Monte Roraima.

No livro, o Roraima surge como um divisor de águas. Longe do gelo e das grandes paredes verticais, a montanha exige outro tipo de escuta. “Aqui a técnica é menos gelo e mais respeito à água, ao tempo da floresta e à história que a montanha guarda”, relata Aretha. Para ela, a grande lição do Roraima foi a força da inteligência espiritual — um aprendizado que ecoaria mais tarde nas condições extremas do Himalaia.

Livro conta a trajetória de Aretha Duarte (Foto Divulgação)


Já o Everest aparece como consequência, não como objetivo isolado. Em 23 de maio de 2021, às 10h24 no horário do Nepal, Aretha quebrou uma estatística histórica: até então, nenhum brasileiro negro — e nenhuma mulher negra latino-americana — havia chegado ao cume da montanha mais alta do mundo. Entre dezenas de brasileiros que já alcançaram o topo, apenas uma minoria eram mulheres. A conquista de Aretha reposiciona o debate sobre representatividade, acesso e direito ao sonho.

O mérito do livro está em mostrar que o Everest começa muito antes da altitude extrema. Começa na periferia, nas escolhas, na educação, no compromisso socioambiental e na coragem de ocupar espaços historicamente negados. Como a própria autora afirma, seu maior sonho nunca foi apenas chegar ao topo, mas garantir que oportunidades e transformações cheguem às periferias, permitindo que mais pessoas escolham seus próprios caminhos.


Quando a montanha é mensagem: Aretha Duarte, do Roraima ao Everest

Da Sucata ao Everest é uma leitura que vai além do montanhismo. É sobre território, identidade, ancestralidade e futuro. Do silêncio úmido do Monte Roraima ao vento rarefeito do Everest, Aretha Duarte nos lembra que algumas escaladas mudam não só quem sobe, mas também o horizonte de quem observa de baixo.


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