
A expansão da população de javalis e javaporcos em Roraima foi tema de uma audiência pública realizada nesta quarta-feira (29) pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca, Aquicultura e Política Rural da Assembleia Legislativa (ALERR). O objetivo foi discutir os impactos da espécie sobre a agropecuária e o meio ambiente e propor medidas para o controle populacional no estado.
De acordo com a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), há registros da presença desses animais desde 2012, inicialmente no município de Alto Alegre. Atualmente, estima-se que entre 15 e 20 mil javalis e javaporcos circulem em diferentes regiões, incluindo Bonfim, Cantá, Amajari e Boa Vista. A infestação preocupa produtores e órgãos de controle devido aos prejuízos causados às lavouras, à fauna silvestre e ao risco de disseminação de doenças como raiva e peste suína africana, o que poderia comprometer até mesmo a exportação de carne suína.

O presidente da comissão, deputado Armando Neto (PL), afirmou que o debate marca o início da elaboração de um projeto de lei voltado à regulamentação do controle da espécie. “Precisamos reunir informações que subsidiem uma proposta responsável, equilibrando os interesses do produtor rural, as exigências sanitárias e o papel dos caçadores que atuam voluntariamente nesse trabalho”, disse.
O deputado Marcelo Cabral (Cidadania), também membro da comissão, ressaltou que a audiência permitiu ampliar o diálogo com o setor produtivo e adaptar experiências de outros estados à realidade roraimense. “É fundamental que o parlamento continue aberto à construção coletiva de soluções, com responsabilidade e compromisso com quem trabalha no campo”, declarou.
Durante a audiência, o chefe do Programa de Sanidade Suína da Aderr, Murilo Borges Dias, apresentou dados técnicos sobre os riscos do avanço da espécie. Segundo ele, os javalis causam prejuízos diretos aos produtores e afetam o equilíbrio ecológico ao competir com animais nativos e predar pequenos exemplares. “Eles representam risco sanitário e comprometem pequenas propriedades e famílias inteiras”, explicou.
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Produtores rurais e caçadores também participaram do encontro. O presidente da Cooperativa Roraimense de Suinocultores, Frank Vieira Júnior, alertou para os danos à agricultura e à suinocultura. “Com a expansão da produção de soja e milho, os javaporcos causam grandes perdas. É preciso que o Ibama e o governo do estado autorizem ações conjuntas com os criadores para controlar essa população”, disse.
Já o presidente da Associação Brasileira de Caçadores ‘Aqui tem Javali’, Rafael Salerno, destacou que o problema é nacional e que o controle por meio da caça autorizada tem sido o método mais eficaz em outros países. “A presença do javali é uma ameaça ambiental e econômica. Em Roraima, é preciso agir rapidamente para evitar que a infestação se agrave”, afirmou.