
Há flores que passam despercebidas, e há aquelas que parecem roubar a cena do jardim com sua presença marcante — a orelha-de-leão pertence, sem dúvida, ao segundo grupo. Com suas pétalas laranjas e avermelhadas em formato curioso, essa planta exótica tem o poder de transformar qualquer canteiro em um espetáculo visual. Mas o que pouca gente sabe é que manter suas cores vivas e flores constantes exige mais técnica e atenção do que se imagina.
O segredo da orelha-de-leão: cor que depende de luz e solo
A orelha-de-leão (Leonotis leonurus) é uma planta originária da África do Sul, e isso explica parte de sua personalidade solar. Ela ama calor, sol direto e solo bem drenado. O maior erro dos iniciantes é achar que sombra parcial é suficiente — e não é. Essa espécie precisa de pelo menos seis horas diárias de sol para produzir flores intensamente coloridas. O ideal é cultivá-la em um local onde receba luz da manhã e um pouco da tarde, evitando apenas o sol escaldante das 14h às 16h.
Regar na medida certa: o equilíbrio entre excesso e escassez
Um dos segredos para ter uma orelha-de-leão sempre saudável é entender que o solo encharcado é seu maior inimigo. Essa planta tolera breves períodos de seca, mas não suporta raízes afogadas. Regue quando o substrato estiver seco até a segunda falange do dedo e evite borrifar água nas flores — isso pode manchar as pétalas. No verão, duas regas por semana são suficientes; no inverno, apenas uma já basta. Se estiver cultivando em vaso, use um substrato com boa drenagem, misturando areia grossa e matéria orgânica leve.
Poda estratégica: o truque para florescer o ano todo
Pouca gente sabe, mas o truque para a orelha-de-leão florescer quase o ano inteiro está na poda. Assim que as flores murcharem, corte o ramo acima do segundo nó. Isso estimula o surgimento de novos brotos laterais e, consequentemente, novas inflorescências. Além disso, uma poda mais drástica no início da primavera ajuda a renovar a planta, mantendo-a compacta e cheia de vida. Jardineiros experientes costumam dizer que “a tesoura é o melhor adubo” — e no caso dessa espécie, é pura verdade.
Solo ideal e adubação certa para cores vibrantes
Se o solo for muito argiloso, a orelha-de-leão terá dificuldade de desenvolver raízes fortes. O ideal é preparar uma mistura leve e fértil, combinando duas partes de terra vegetal, uma de areia grossa e uma de composto orgânico bem curtido. A adubação deve ser feita a cada dois meses, preferencialmente com fertilizante rico em fósforo (P) e potássio (K), responsáveis pela formação das flores e pela intensidade da cor. Um punhado de farinha de ossos e cinzas vegetais faz maravilhas, especialmente em solos empobrecidos.
Propagação e renovação: multiplicar é fácil e recompensador
A multiplicação da orelha-de-leão é simples e prazerosa. Pode ser feita por sementes — germinando em cerca de 10 dias — ou por estacas de galhos jovens. O método por estacas é mais rápido e mantém as características originais da planta-mãe. Corte ramos de 10 a 15 centímetros, retire as folhas inferiores e plante em substrato úmido e bem drenado. Em pouco tempo, as raízes surgem, e novas mudas podem ser transferidas para o canteiro ou vaso. É uma forma acessível de renovar o jardim e manter sempre exemplares em diferentes estágios de crescimento.

Onde posicionar e como usar na decoração do jardim
A orelha-de-leão é perfeita para quem busca impacto visual e fácil manutenção. Pode ser usada em grupos para criar bordaduras coloridas ou isolada como ponto focal. Ela combina bem com espécies de folhagem verde-escura, que realçam ainda mais o tom vibrante de suas flores. Além disso, atrai beija-flores e borboletas, tornando o jardim vivo e cheio de movimento. Em regiões mais frias, recomenda-se cultivá-la em vasos, para poder protegê-la das geadas noturnas.
Erros comuns que prejudicam o florescimento
Entre os erros mais comuns no cultivo da orelha-de-leão, três se destacam: o excesso de sombra, o uso de adubo com muito nitrogênio e a falta de poda. O nitrogênio em excesso estimula apenas o crescimento das folhas, deixando a planta verde, mas sem flores. Já a sombra reduz a intensidade da cor e o número de inflorescências. Corrigir esses pontos é o primeiro passo para um jardim vibrante e florido o ano todo.
Manter uma orelha-de-leão saudável e cheia de cor é mais fácil do que parece, desde que se entenda suas necessidades básicas de luz, solo e poda. Com um pouco de cuidado e observação, ela retribui com meses de floração intensa e beleza tropical. E o melhor: quanto mais velha, mais resistente e exuberante se torna. Uma verdadeira prova de que a natureza recompensa quem cultiva com paciência e constância.