EM JOGO DA LIBERTADORES

'Venezuelano morto de fome': Jogador chora e acusa atleta paraguaio de xenofobia

Miguel Navarro ainda disse querer poder solucionar o problema que afeta 17% da população da Venezuela

O jogador venezuelano do Talleres, Miguel Navarro (Foto: Divulgação)
O jogador venezuelano do Talleres, Miguel Navarro (Foto: Divulgação)

O lateral do Talleres, Miguel Navarro, acusou o meia paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, de xenofobia na noite dessa terça-feira (27), no Morumbis, durante a vitória do time brasileiro por 2 a 1 pela última rodada da fase de grupos da Copa Libertadores.

“É lamentável falar desse tipo de coisa. Quando eles fazem 2 a 1, se não me engano quem marca é o Luciano, ele estava praticamente dando a volta no campo. Então eu digo ao árbitro que apressa, porque precisamos jogar. Então Bobadilla vira para mim e diz: vocês sempre fazem cera. Eu respondo: que cera? E aí ele me chama de ‘venezuelano morto de fome’”, disse ele, que deixou o campo chorando.

Depois, o jogador do time argentino ainda confirmou que gostaria de ter deixado a partida logo após sofrer a ofensa e lamentou que todas as substituições já haviam sido feitas.

“Não quis deixar meus companheiros com um jogador a menos, então terminei a partida, mas minha cabeça não estava ali naquele momento”, afirmou.

Navarro ainda cobrou que a justiça seja feita, relembrando o caso de jogadores do Talleres sendo parados pela polícia, em 2024.

“É a primeira vez que acontece comigo, então é lamentável falar desse tipo de assunto. Depois dos jogos não temos que falar coisas de racismo, do que os jogadores dizem”, citou.

Por fim, o defensor revelou o que ouviu do árbitro após relatar o ocorrido, dizendo que até mesmo Arboleda, do São Paulo, demonstrou apoio dentro de campo. “Arboleda se posicionou a meu lado, porque sabia o que disse Bobadilla”, finalizou.

Mais tarde, o jogador venezuelano fez um novo desabafo, desta vez, no Instagram:

“Queria eu poder solucionar o problema da fome no meu País. Espero que Deus me dê abundância para que eu possa ajudar. Não creio que posso fazer muito contra a pobreza material. Nunca me envergonharei das minhas raízes, irei às últimas consequências diante do ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil, das mãos de Damian Bobadilla. Não há espaço para discursos de ódio no futebol.”

Fome na Venezuela

A fome afeta 5,1 milhões de venezuelanos – 17% da população do País governado pelo ditador Nicolás Maduro. De maneira geral, mais de 20 milhões de venezuelanos não tem acesso adequado a bens e serviços essenciais, como alimentos e medicamentos.

Desde 2014, quando iniciou o agravamento da crise econômica e política no País vizinho, aproximadamente oito milhões de venezuelanos deixaram a nação – deles, 6,5 milhões se estabeleceram na América Latina e no Caribe. Os dados são da organização não-governamental Human Right Watch.

Só o Brasil registrou, desde 2017, mais de 1,2 milhão de entradas de migrantes – 74% deles entra pela cidade de Pacaraima (RR), na fronteira do Brasil com a Venezuela. O levantamento é da OIM (Organização Internacional para as Migrações). Em Roraima, a migração tem sufocado serviços básicos como saúde e educação.

*Com informações da ESPN e da CNN Brasil

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