Com a eleição de Samir Xaud como presidente da CBF, o futebol de Roraima poderá ser comandado por uma mulher pela primeira vez a partir de 2027. Trata-se de Adelaide Marcolino Peixoto de Oliveira, de 85 anos.
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Eleita em 2025 na chapa de Xaud, Dona Adelaide, como é conhecida, também poderá ser a primeira indígena e da etnia macuxi a presidir uma federação estadual no futebol brasileiro e a mais velha a comandar a FRF na história.
Ela, então, já recebeu o aval público do filho de Zeca Xaud para o cargo, por ser a primeira-vice-presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF) daqui a dois anos, e, assim, continuar o trabalho de Samir. Zeca segue no comando até lá.
Esse aval acontece apesar do estatuto da FRF, reformado em 2024, preveja que “o presidente ou superior hierárquico, na sua ausência, terá poderes para livre nomeação do cargo vago”. Até o momento, não há notícias de que Samir Xaud formalmente renunciou ao mandato.
O estatuto da CBF, de 2017, o mesmo que referendou a eleição deste domingo, proíbe o presidente da entidade acumular o cargo com o de poder distinto da confederação – neste caso, a FRF – por mais de 180 dias.
Portanto, Xaud poderia presidir as duas entidades por até seis meses. Além disso, ele poderia até mesmo assumir o cargo de deputado federal em eventual ausência de Helena Lima (MDB-RR) e Duda Ramos (MDB-RR), já que é suplente do MDB.
Quem é Dona Adelaide
De origem macuxi, a etnia que virou sinônimo do gentílico “roraimense”, Dona Adelaide nasceu em 29 de junho de 1939, na comunidade indígena do Contão, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Viúva de Raimundo Bezerra, ela teve com ele 12 filhos – dez deles ainda vivos.
Em 1973, a família, então, fundou o River Esporte Clube, o Verdão da Aparecida, apelido alusivo ao bairro de origem da equipe tricampeã roraimense (1980, 1985 e 1989) e vice-campeã do Copão da Amazônia (1981).
Adelaide Marcolino teve uma carreira “relâmpago” de jogadora. Em 2023, ela lembrou à Folha que foi goleira do River por uma semana em uma competição amadora, na década de 1980.
Há dois anos, ela anunciou que ficou curada de um câncer de pele após mais de dois anos de tratamento. A doença deixou sequelas na face dela.
Com isso, ela precisou se submeter a uma invasiva cirurgia para corrigir o rosto, em pleno Dia Internacional da Mulher. “É a chance de cuidarem ainda melhor de mim (risos)”, afirmou.
Também em 2023, o River voltou a disputar um Estadual após 15 anos. Na ocasião, a equipe alviverde terminou na sétima colocação geral entre nove clubes participantes. Foi a mesma posição em que ficou na edição de 2024, sua última competição oficial.
Em entrevista recente à TV Assembleia, Dona Adelaide, que preside o River ininterruptamente desde 2004, admitiu que, em 2025, por razões de saúde, assistiu, presencialmente, apenas a abertura do Campeonato Roraimense, marcado pela vitória do Grêmio Atlético Sampaio (GAS) sobre o Baré por 2 a 0.
Historicamente, é aliada de Zeca Xaud. Após votar na reeleição do mandatário em 2019, Dona Adelaide disse:
“Se tiver um voto pro Zeca, será da Adelaide, do River. Ele é ótimo, apoia todo mundo, eles nos ajuda. Como aqui não temos patrocínio, não tem mídia para ajudar a gente, ele está aí na frente da federação toda a vida, e estamos aqui para apoiá-lo”.
