Educação

Pesquisador critica política de inclusão total nas escolas e aponta falhas no ensino de alunos com deficiência

Lucelmo Lacerda alerta para prejuízos no aprendizado de alunos com deficiência e defende práticas baseadas em evidências

Para o especialista, a inclusão sem respaldo técnico impacta principalmente pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Deficiência Intelectual. (Foto: Reprodução/Instagram)
Para o especialista, a inclusão sem respaldo técnico impacta principalmente pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Deficiência Intelectual. (Foto: Reprodução/Instagram)

A aplicação da chamada Inclusão Total nas escolas brasileiras tem gerado críticas de especialistas da área da Educação Especial. No livro Crítica à Pseudociência em Educação Especial, o pesquisador e doutor em Educação, Lucelmo Lacerda, analisa os impactos da política de alocar estudantes com deficiência ou neurodivergência exclusivamente em salas regulares, sem suporte especializado.

Segundo o autor, que é também ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, autista e pai de uma criança autista, a medida defendida pela Política Nacional de Educação Especial (PNEE) privilegia a economia de recursos públicos, mas compromete o desenvolvimento de crianças e adolescentes que necessitam de atenção diferenciada.

Inclusão Total x Educação Inclusiva

Lacerda explica que há diferença entre Inclusão Total e Educação Inclusiva. A primeira extingue salas e escolas especializadas, como as APAEs, e restringe apoios pedagógicos, apostando apenas na convivência social. Já a segunda busca integrar, mas mantém espaços específicos e suporte contínuo, entendendo a importância de práticas adaptadas conforme as necessidades de cada estudante.

“No Brasil, se defende um modelo que não se sustenta em nenhum país com estrutura educacional avançada. A escola deve ser plural, mas é indispensável a adaptação para os estudantes com deficiência”, argumenta o pesquisador, ao destacar que, em países desenvolvidos, as metodologias são aplicadas a partir de resultados comprovados e não de discursos ideológicos.

Prejuízos e soluções

Para o especialista, a inclusão sem respaldo técnico impacta principalmente pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Deficiência Intelectual. “Só defende este tipo de inclusão quem não está no dia a dia de uma escola. A educação não depende apenas de boa vontade, mas de formação específica e suporte contínuo”, afirma.

Como alternativa, Lacerda defende a adoção das Práticas Baseadas em Evidências, que utilizam condutas pedagógicas comprovadas cientificamente. “A melhoria da educação passa necessariamente pela organização de um sistema inclusivo em que salas e escolas especializadas sejam mantidas, como ocorre em qualquer país civilizado do planeta”, reforça.

Sobre o autor

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Lucelmo Lacerda é professor universitário, historiador, psicopedagogo e doutor em Educação pela PUC-SP, com pós-doutorado em Psicologia pela UFSCar. É referência nacional nos debates sobre autismo e inclusão, somando mais de 115 mil seguidores no Instagram e 225 mil inscritos no YouTube

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