O livro “Imigrantes venezuelanos na escola pública brasileira” de João Barros, resultado de uma tese de doutorado, traz um olhar inédito sobre a imigração em Roraima. O livro foca nas narrativas de vida dos estudantes venezuelanos que ingressaram a rede pública de ensino.
Lançado a dois meses, o livro é considerado uma “denúncia” e evidencia o processo de integração dos alunos, que é marcado por preconceitos linguísticos e culturais.
João Barros, que foi repórter e professor em Roraima, buscou explorar como os jovens imigrantes estão sendo acolhidos e vivendo na escola pública brasileira, uma vez que chegam de um sistema de ensino diferente, com barreiras linguísticas e sem conhecimento da dinâmica escolar local.
O foco central da pesquisa é a vivência do aluno, e não a visão externa do pesquisador.
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Desafios da adaptação e integração
O estudo aborda o deslocamento geográfico e as consequências da necessidade de adaptação à língua, à escrita, à cultura e aos conflitos sociais, tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.
Segundo o resumo, muitos desses alunos são “sujeito à margem no Brasil“, vivendo em péssimas condições de moradia e sofrendo preconceitos diversos.
“Eu trato da narrativa do aluno, não é o meu olhar sobre a condição desse aluno, é como ele se sente nesse ambiente,” explicou o autor sobre o ineditismo da pesquisa.
O livro explora questões culturais, linguísticas, sociais e econômicas do contexto da imigração venezuelana, mas com o foco principal no aluno.
Para obter essas narrativas de vida, o autor utilizou uma metodologia qualitativa baseada em narrativas de vida. Ele passou três meses em estudo de campo em 2023, entrevistando semanalmente cinco alunos do Ensino Médio em duas escolas da rede estadual de Boa Vista.
A necessidade de políticas educacionais
As reflexões do livro articulam a psicologia e sociologia da imigração, a prática do professor, a conduta da escola e o papel do Estado, evidenciando a necessidade urgente de políticas educacionais de acolhimento.
O livro é considerado uma leitura essencial para todos os agentes da educação no Brasil que lidam com o crescente desafio da integração de alunos imigrantes.
