Povos Indígenas

Funai escuta professores da Educação Indígena Yanomami e Ye’kuana

Os professores relataram haver uma falta de acompanhamento e visitas do governo do Estado nas escolas localizadas no território Yanomami. O governo informou que vem cumprindo dever de ofertar educação na comunidades

O objetivo da reunião também foi para procurar soluções aos desafios enfrentados pelos povos indígenas na área da educação. (Foto: reprodução/Funai)
O objetivo da reunião também foi para procurar soluções aos desafios enfrentados pelos povos indígenas na área da educação. (Foto: reprodução/Funai)

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) escutou as demandas dos professores indígenas Yanomami e Ye’kuana no último dia 15 de junho. A reunião, realizada no Instituto Insikiran, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), contou com a presença da presidente da Funai, Joenia Wapichana, servidores da fundação, representantes do Ministério da Educação (MEC), Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Ministério dos Povos Indígenas (MPI), além das lideranças das comunidades indígenas.

Segundo a Funai, um dos principais pontos discutidos foi a necessidade de um processo de escuta ativa para apresentar um plano abrangente no fórum Yanomami, contemplando ações de curto, médio e longo prazo. O objetivo é superar os desafios que povos indígenas enfrentam na área da educação.

Durante os relatos dos professores das escolas indígenas presentes, Marcelo Ye’kuana, professor indígena, informou haver uma falta de acompanhamento e visitas do governo do Estado nas escolas localizadas no território Yanomami. Ele teria pontuado que as próprias comunidades construíram as escolas e que precisam de apoio para construção e reformas.

“Dentro da escola, enfrentamos dificuldades e precisamos da ajuda do Estado para adquirir materiais escolares, quadros, cadeiras e transporte. Além disso, falta coordenação pedagógica. Nossas crianças e adolescentes necessitam de construções em alvenaria, quadras esportivas e energia solar. Esses são recursos essenciais para atender às necessidades educacionais de nossa comunidade”, destacou.

Júnior Hekurari, liderança Yanomami, também esteve presente e destacou a importância da oportunidade para mostrar os desafios da educação indígena nas regiões. Ele também teria reforçado que as comunidades são as principais mobilizadoras do ensino nos locais.

Governo estadual

Novamente procurado, o governo de Roraima informou que “vem cumprindo seu dever de ofertar educação dentro das comunidades indígenas, inclusive ofertando o Ensino Fundamental Anos Iniciais (1° ao 5° ano), obrigação esta que pela legislação educacional vigente é de responsabilidade dos municípios”.

Entre as ações realizadas e previstas paras comunidades indígenas, apontou que em 2022, ofertou curso de Magistério Yarapiari, voltado para docentes Yanomami. Cerca de 36 professoras participaram da formação. Para este ano de 2023 está prevista a oferta de mais duas turmas do referido curso.

Há ainda diversas formações para Magistério Indígena Tamî’kan, Magistério Indígena Tamarai, Magistério Indígena Amooko Lisantan e Curso Murumurutá, sendo maior parte voltados para a língua materna das etnias presentes em Roraima. Também reforçou que realizou o Concurso Público Específico para contratação de professores indígenas para atuação nas unidades de ensino, respeitando as especificidades dos povos indígenas.

“Foram ofertadas mil vagas das quais 569 já foram preenchidas com a posse de professores na primeira chamada em agosto de 2022 e recentemente, na segunda chamada no dia 07 de março de 2023”.

Sobre a estrutura física das escolas, a secretaria de comunicação do governo informou que há um plano de recuperação dos prédios escolares indígenas. Ao menos seis escolas foram “reinauguradas, completamente revitalizadas e mobiliadas. Outras quatro estão em andamento e mais 80 escolas serão construídas em comunidades indígenas”.

No transporte escolar, segundo o governo, mais de 6,5 mil estudantes indígenas são atendidos com transporte em rotas realizadas para 91 escolas distribuídas nos municípios do interior.

Plano Específico

A reunião também faz parte da construção do diagnóstico para a elaboração do Plano Específico de Educação Escolar Indígena para a Terra Indígena Yanomami. De acordo com a Funai, a apresentação do plano ocorrerá no Fórum de Governança Yanomami, previsto para acontecer em Maturacá-AM, em julho.

A previsão é de que diversas associações indígenas estejam presentes, como a Hutukara Associação Yanomami, a Associação Wanasseduume Ye’kwana, Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma, Associação Kurikama Yanomami, Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes, Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima, Hwenama Associação do Povo Yanomami de Roraima.