UNIVERSIDADE FEDERAL

Estudantes de Medicina pedem continuidade do internato em ato de greve dos professores

Alunos não concordam com paralisação do calendário acadêmico dos dois últimos do curso; UFRR está em greve desde 22 de abril

Alunos de medicina alegam que suspensão afeta anos finais do curso e desassistência em hospitais. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Alunos de medicina alegam que suspensão afeta anos finais do curso e desassistência em hospitais. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Os estudantes do 5º e 6º ano do curso de Medicina da Universidade Federal de Roraima manifestaram pela continuidade do calendário acadêmico durante o ato público da Seção Sindical dos Docentes da UFRR (Sesduf-RR) pela greve na instituição. A movimentação aconteceu na tarde desta quinta-feira (8), no Parlatório a universidade.

Os alunos são parcialmente opostos ao movimento grevista, devido à adesão de professores do internato médico. A ação causou a suspensão do calendário acadêmico, principalmente dos dois últimos anos do curso, que trata do estágio nos hospitais e residência médica. Um estudante do 6º ano, que não quis se identificar, relatou que a suspenção atrasa a formação.

“Nós não somos contra a greve dos professores, porque eles estão no direito deles e precisam ter esse aumento. A faculdade merece melhores condições. O problema é como isso está sendo feito e como está impactando na vida, não apenas dos alunos de medicina, mas de todos os alunos dos 42 cursos da UFRR. Quantos alunos aqui estão há dois meses se formar e agora estão enfrentando essa pausa que você não sabe se vai durar uma semana, dois meses, quatro meses? [A greve] deveria ser feita de uma melhor forma, pelo menos preservando os alunos, de todos os cursos, dos dois últimos anos para se formar”, sugeriu o aluno.

Estudantes aproveitaram ato público da greve dos professores para mostrar descontentamento. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Desassistência nos hospitais

Os alunos de Medicina ainda defendem que a suspensão do internato, considerado estágio, desassistirá hospitais da capital. Isso porque a paralisação acomete a formação em clínica médica, saúde coletiva nas UBSs, ginecologia e obstetrícia, e clínica cirúrgica. Apenas o estágio em pediatria está mantido.

“O curso de Medicina foi essencial só durante a pandemia? Na época, os alunos puderam colocar a vida em risco, a vida dos pais, dos irmãos, mas agora não é essencial? Então só é essencial quando convém?”, questionou o aluno do 6º ano.

A fala do estudante foi dada após membro de Comando de Greve da UFRR dizer que internato e residência médica não eram serviços essenciais, mesmo que a Universidade tenha considerado.

Além da mobilização, os estudantes do internato entraram com ação no Ministério Público Federal e mandado de segurança.

Diretório Central dos Estudantes

Laura Secundino, presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRR. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

À FolhaBV, a presidente do Diretório Central de Estudantes da UFRR, Laura Secundino, ressaltou que está buscando formas de que a greve atinja menos os estudantes, mas que suspensões fazem parte de movimento grevista.

“A gente tenta ao máximo abranger todos os estudantes dentro da universidade, ou seja, a gente passa pelos centros de acadêmicos para entender como isso está afetando eles. […] Sobre o internato, a gente está buscando as melhores formas com quem pode resolver isso, para que a gente consiga de fato abranger [eles] e isso, que é consequência da greve, possa atingir menos os estudantes. Só que é preciso entender todo o âmbito da universidade, que sofre com cortes orçamentários”, afirmou Laura.

A Universidade Federal de Roraima aderiu à greve nacional em 22 de abril. O movimento em todo o Brasil busca reajuste salarial de professores e reajuste orçamentário das instituições públicas de ensino superior.