EMPREENDEDORISMO

Mulheres migrantes recebem kits de culinária para empreender em Boa Vista

O projeto "Mujeres Fuertes" busca tornar mulheres chefes de famílias protagonistas de seus próprios negócios

Mulheres migrantes recebem kits de culinária para empreender em Boa Vista Mulheres migrantes recebem kits de culinária para empreender em Boa Vista Mulheres migrantes recebem kits de culinária para empreender em Boa Vista Mulheres migrantes recebem kits de culinária para empreender em Boa Vista
As beneficiárias se emocionaram durante o evento (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
As beneficiárias se emocionaram durante o evento (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Nesta sexta-feira, (30), 50 mulheres migrantes e refugiadas receberam kits de culinária para impulsionar seus empreendimentos em Boa Vista. A iniciativa é uma parceria entre a Organização da Sociedade Civil (OSC) Hermanitos, Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), Ministério do Trabalho e a ONU Mulheres. O projeto, que já está na sua 4ª edição em Manaus, está na fase prática da primeira edição em Boa Vista.

Ana Karolina Vasconcelos, supervisora de projetos da Hermanitos. (Foto: Nilzete Franco/ Folha BV)
Ana Karolina Vasconcelos, é supervisora de projeto da Hermanitos (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Ana Karolina Vasconcelos, é supervisora de projeto da Hermanitos e conta que o projeto surgiu da necessidade de capacitar as mulheres migrantes que buscavam, em grandes quantidades, qualificações na sede da organização. Hoje o projeto oferece profissionalização em gastronomia, estética e beleza.

“Em Boa Vista, é uma edição piloto, então as participantes estão conosco desde março sendo capacitadas e, com a entrega dos materiais, iremos iniciar a integração ao mercado de trabalho e colocar em prática seus negócios que tenham em mente ou que já possuem. Então, iremos acompanhar e estruturar os negócios e analisar o impacto dessas mulheres chefes no seu núcleo familiar”, explicou a supervisora.  

A pesquisa, realizada em 2021, identificou que dos cursos oferecidos naquele ano, as mulheres correspondiam a mais de 70% dos inscritos, algumas turmas chegaram a ter 90% de participação feminina. Além disso, o resultado apontou que, na capital amazonense, 78% das famílias estudadas possuíam mulheres como responsáveis pelas despesas da casa.

Zulma Galdona, imigrante da cidade de San Félix, estado de Bolívar, é mãe solo de três filhos e sonha em iniciar seu próprio negócio. (Foto: Nilzete Franco/ Folha BV)
Zulma Galdona é uma das beneficiárias (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

É o caso da beneficiária Zulma Galdona, venezuelana do estado de Bolívar, é confeiteira, chefe de família e cuida sozinha de três filhos. Ela conta que sempre sonhou em cursar gastronomia, já que é tradicional ter a presença de chefes em sua família.

“Na Venezuela eu não tinha a oportunidade de estudar gastronomia, mas quando cheguei aqui consegui essa chance e pude aumentar meu conhecimento sobre o Brasil. É importante conhecer as variedades culturais e quando chegamos a um país temos que nos adaptar. Eu vou abrir meu próprio negócio e irei vender comida tanto brasileira como venezuelana”, falou a participante.

Norfanlys Varela, atuou por cinco anos na área administrativa na Venezuela, mas teve que vir ao Brasil. Hoje é confeiteira e trabalha a domicílio. (Nilzete Franco/Folha BV)
Norfanlys Varela é formada em Engenharia Industrial na Venezuela e veio ao Brasil antes da explosão da crise migratória (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A imigrante Norfanlys Varela, é formada em Engenharia Industrial na Venezuela e veio ao Brasil antes da explosão da crise migratória. Junto aos três filhos, decidiu ajudar nas despesas de casas através da venda de bolos a domicílio.

“Como imigrante precisava de uma forma de me inserir no mercado de trabalho e precisava ajudar nas contas. O interesse surgiu quando eu comecei a fazer bolos para meus filhos já que eu não conseguia fazer aniversários para eles. Me formei em confeitaria e faço doces brasileiros, mas quando vem algum pedido específico eu faço algo da culinária venezuelana”, contou.

Jadson Alves, diretor financeiro da ADRA. (Nilzete Franco/Folha BV)
Jadson Alves é diretor financeiro da ADRA (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Para Jadson Alves, diretor financeiro da ADRA, com a entrega dos materiais, se espera que as mulheres participantes consigam pôr em prática o que aprenderam. 

“Os materiais atendem a demanda de cada mulher. Ao longo do projeto elas foram dizendo quais as afinidades culinárias que elas possuem, se eram doces ou salgados, e assim conseguem juntar a teoria e a prática e se tornar autônomas, trazer sustento aos seus próprios lares e se tornarem protagonistas de suas vidas”, esclareceu Jadson.

O projeto oferece além do curso de gastronomia, a capacitação para o empreendedorismo, habilidades comportamentais e acompanhamento psicossocial. Segundo Ana Karolina, supervisora de projeto da Hermanitos, é uma forma de incentivar a superação das dificuldades de um deslocamento migratório e a inserção no mercado de trabalho no país de destino de forma segura.

“Mesmo que eu tenha meu empreendimento de casa, eu tinha medo do mercado de trabalho e agora com a preparação psicológica e os conhecimentos adquiridos, sinto que nos fortalece e dá segurança. Ajuda a dar mais valor ao trabalho e entender que não importa sua nacionalidade e sim o trabalho que está sendo entregue ao cliente.” afirmou Norfanlys Varela. 

O evento também contou com apresentações simbólicas e palavras de encorajamento as mulheres imigrantes que vivem o processo de deslocamento.

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