Entraram em vigor nessa sexta-feira (1º), em todo o território nacional, as novas misturas de biocombustíveis aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A mudança altera a composição da gasolina e do diesel vendidos nos postos e promete impactos na economia, na matriz energética e também no dia a dia dos motoristas.
A gasolina comum e a aditivada passam a ter 30% de etanol anidro, formando o chamado E30. Até então, a mistura era de 27%. Já a gasolina premium segue com 25%. No caso do diesel, o percentual de biodiesel subiu de 14% para 15%, criando o novo B15.
Impactos das novas misturas
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a medida reforça o papel do Brasil na transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável. Com o E30, o país volta a ser autossuficiente na produção de gasolina após 15 anos, o que deve permitir a exportação de até 700 milhões de litros por ano. A expectativa é de R$ 10 bilhões em investimentos na cadeia do etanol e a criação de 50 mil empregos.
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Já o B15, composto por óleo vegetal, principalmente com soja, é visto como um avanço na descarbonização do transporte pesado. Estão previstos R$ 5 bilhões em novos investimentos em usinas e esmagadoras de soja, mais de 4 mil postos de trabalho e a inclusão de 5 mil novas famílias de agricultores no Programa Selo Biocombustível Social, com impacto de R$ 600 milhões na renda rural.
Reações e preocupações do setor de transporte
No entanto, nem todos os setores estão convencidos de que os benefícios superam os riscos. A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística afirma que, desde que a mistura chegou a 14% em fevereiro de 2024, os filtros de combustível passaram a durar metade do tempo, o que aumentou os custos de manutenção em mais de 7% por veículo.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) também expressou preocupação. A entidade alerta que o Brasil já opera com teores superiores à média internacional (7%) e que misturas elevadas podem causar formação de borra nos tanques, entupimento de bicos injetores, perda de potência e redução da vida útil de peças, o que, segundo o setor, pode impactar até no preço dos alimentos.
Posicionamento do MME
O Ministério de Minas e Energia, por outro lado, garante que a decisão do CNPE teve embasamento técnico e foi validada por montadoras, importadoras e representantes da indústria automotiva, que atestaram a viabilidade e a segurança das novas misturas para os veículos já em circulação no país.