A escalada da crise no Oriente Médio já provoca os primeiros reflexos no mercado de combustíveis em Roraima. Com a ameaça do Irã de fechar o estreito de Ormuz — responsável por escoar cerca de 20% de todo o petróleo comercializado no mundo — o preço dos derivados começou a subir nas distribuidoras e deve chegar às bombas nos próximos dias.
Segundo o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Roraima (Sindipostos-RR), João Victor Kontinski, confirmou que os primeiros aumentos já foram comunicados ao setor varejista. “Sim, já tivemos alguns repasses e amanhã devem acontecer outros. Até este momento, R$ 0,05 em todos os produtos. Esse foi o repasse que já recebemos, mas que não foi repassado ainda ao consumidor, até porque ainda tem esse outro reajuste que está previsto”, afirmou.
De acordo com ele, o cenário é de cautela. Caso o reajuste previsto para esta terça-feira (24) não seja expressivo, os postos devem absorver os custos sem repasse imediato ao consumidor. “Havendo um repasse significativo, aí será repassado”, explicou Kontinski.
Norte e Nordeste devem sentir impactos nos preços
Roraima é um dos estados com maior vulnerabilidade diante de crises internacionais envolvendo o petróleo, devido à dependência da importação e aos custos logísticos mais altos para abastecimento. Em cenários de instabilidade como o atual, os efeitos sobre o preço nas bombas tendem a ser mais rápidos e intensos.
A avaliação é reforçada pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que projeta impactos mais fortes nas regiões Norte e Nordeste do país. “A expectativa é de que o impacto seja sentido mais diretamente nessas regiões, onde a maior parte do abastecimento vem de fora”, explicou Sérgio Araújo, presidente executivo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fechamento de Ormuz: a decisão do parlamento iraniano
A pressão nos preços ganhou força após ameaça e decisão do parlamento iraniano, que votou no último domingo (22), pelo fechamento do Estreito de Ormuz — principal corredor marítimo para o escoamento do petróleo produzido no Golfo Pérsico. O texto, aprovado em resposta aos ataques norte-americanos contra instalações nucleares iranianas no sábado (21), ainda precisa passar pelo crivo do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo do país, Ali Khamenei.
A proposta foi defendida publicamente por parlamentares iranianos como Esmaeil Kowsari, que afirmou que “o parlamento chegou à conclusão de que deve fechar o Estreito de Ormuz”. O estreito é considerado um dos pontos mais estratégicos do mundo: por ele passa cerca de 21% de todo o petróleo comercializado globalmente. Seu bloqueio pode provocar uma reação em cadeia no mercado energético internacional.
De acordo com a seguradora holandesa ING, uma interrupção significativa nesses fluxos seria suficiente para elevar o preço do barril de petróleo para US$ 120. Caso o bloqueio persista até o fim do ano, o valor pode ultrapassar a máxima histórica de US$ 150, registrada em 2018. O aumento também pressiona os preços do gás natural e afeta o custo do transporte marítimo de derivados.