Linhão de Tucuruí Foto: Thiago Feitosa/Secom-RR
Linhão de Tucuruí Foto: Thiago Feitosa/Secom-RR

Cerca de 900 empresas instaladas em Roraima têm perfil de consumo que as habilita a migrar para o mercado livre de energia, modalidade em que o consumidor negocia diretamente com comercializadoras e geradores, podendo reduzir custos e ganhar previsibilidade no fornecimento. O dado é resultado de levantamento realizado pela Ecom Energia, que atua há mais de 20 anos no setor e recentemente expandiu operações para o estado.

A análise da companhia considera o consumo médio de empresas do comércio, indústria, serviços e agronegócio, setores que apresentam demanda contínua e faixas acima de 500 kW, requisito mínimo para adesão ao Ambiente de Contratação Livre (ACL).

O contingente inclui unidades consumidoras com contas normalmente acima de R$ 5 mil, que podem, sem investimento adicional, reduzir até 30% dos custos com energia, segundo o gerente comercial da Ecom, Rafael Valim.

“A interligação trouxe estabilidade e previsibilidade ao fornecimento. Isso permite que empresas do estado planejem a energia como um ativo estratégico, e não apenas como um custo operacional”, explicou.

Além disso, conforme o gerente comercial, o mercado livre de energia elimina o risco das bandeiras tarifárias (amarela ou vermelha) que encarecem a eletricidade em períodos de baixa dos reservatórios, algo que acontecerá com interligação de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A cobrança ainda não é aplicada, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), porque depende da efetiva operação comercial das instalações de transmissão e distribuição.

Rafael Valim, gerente comercial da Ecom Energia. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Empresários receosos

Apesar do potencial, os empresários ainda demonstram cautela. Um dos motivos é que a migração para o mercado livre não é imediata: a legislação determina um período de até 180 dias para a conclusão do processo, que envolve ajustes técnicos, tramitação de documentos junto à distribuidora e autorização da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

“O prazo gera receio, porque é um movimento novo. Parte do empresariado ainda precisa entender que, fisicamente, nada muda na rede, mas o contrato passa a permitir preços mais competitivos e isenção das bandeiras tarifárias”, afirmou Valim.

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Foco no agronegócio

O setor do agronegócio desponta como um dos principais beneficiários. O consumo elevado de energia em granjas, plantações e sistemas de irrigação coloca esses produtores rurais diretamente entre os clientes elegíveis para migração.

“Granjas e grandes áreas, não apenas da pecuária, mas também de plantações e instalações de irrigação, são potenciais clientes para a gente, potenciais migrantes”, destacou Valim.

Primeiros passos e perspectivas

Em Roraima, segundo Rafael, algumas empresas já iniciaram o processo de migração. Para ele, o mercado livre representa uma oportunidade estratégica de redução de custos e gestão eficiente da energia no estado.

“Nosso papel é orientar o empresário para que ele compreenda que a energia pode ser tratada como um ativo, e não apenas um custo. O momento é de aproveitar a estrutura recém-instalada para planejar o futuro com autonomia energética”, concluiu.