Cotidiano

Venezuelanos buscam PF para evitar clandestinidade

No ano passado, foram feitos 14.231 pedidos de refúgio na Polícia Federal em Roraima

Apesar da longa fila em frente à sede da Polícia Federal, o venezuelano Ramon Rodriguez González, de 41 anos, diz que o esforço é válido. Ele prefere ter em mãos a solicitação de refúgio protocolada e com validade de até um ano do que aventurar morar de forma clandestina em Roraima. Em Roraima, Ramon espera encontrar uma forma de ganhar um salário para auxiliar a família, que está em Upata, na Venezuela.

“Estou no Brasil há três dias e decidi vir buscar a regularização com o protocolo de solicitação de refugiado. Alguns amigos afirmam que antes querem conhecer como é a cidade e depois vir à sede da PF e solicitar o documento, mas como quero estar no Brasil dentro dos protocolos que são exigidos para o abrigo de refugiados, decidi vir logo me regularizar.

Não quero estar aqui de forma clandestina. Tudo o que desejo é conseguir qualquer ocupação e ajudar meus familiares que se encontram em extrema situação de miséria na Venezuela”, declarou.

Já a venezuelana Mirian Pérez, de 31 anos, uma das imigrantes que cruzou a fronteira com Pacaraima há uma semana e aguardava há dois dias para protocolar sua solicitação de refúgio, contou que com a ajuda da família que ficou na cidade de Tigre, na Venezuela, e não suportando mais a situação em que se encontra o país, decidiu buscar refúgio em Roraima. Ela acredita que aqui possa encontrar uma forma de viver com dignidade, sem a situação de opressão que está passando.

“Os jovens estão buscando como alternativa para sobreviverem a vinda para o Brasil. Lá não temos perspectiva nenhuma de futuro, enquanto tivermos no poder este governo opressor. Queremos, com nossa força de trabalho, ajudar nossa família, amigos e outras pessoas. Queremos dar comida a nossos filhos. Por isso, vale a pena o esforço de enfrentar essa fila e assim estar regular no país que está nos oferecendo uma acolhida momentânea. Na Venezuelana, estamos passando fome, não temos nenhuma assistência de saúde, e precisamos neste momento da ajuda do povo brasileiro”, comentou.

Atendimentos a imigrantes são realizados com agendamento prévio

O número de imigrantes que buscam regularizar a situação no país cresce a cada dia. Conforme orientação da Superintendência da Polícia Federal em Roraima, antes de efetivar o pedido de refúgio ou de residência temporária, é necessário previamente agendar o atendimento em dias úteis e, após a conferência de todos os dados, é marcado um dia de retorno facilitando assim o atendimento de todas as demandas.

Segundo informações repassadas pela Polícia Federal, os estrangeiros que possuem agendamento para o dia são direcionados para o salão de atendimento para conferência de documentação e confecção de fotografia, serviço esse que é realizado de maneira voluntária por estagiários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR/ONU).

Após esse procedimento é que de fato começa a atribuição da Polícia Federal, pois os documentos são recebidos e os estrangeiros recebem uma data na qual deverão retornar para retirada de seu Documento Provisório de Identificação. Em seguida o estrangeiro aguarda 20 dias úteis para receber o documento comprobatório de solicitação de refúgio e regularização de estada no país.

A PF informou que, em média, são realizados 600 atendimentos diários, sendo comum esse número chegar a mil atendimentos, após finais de semanas e feriados prolongados. Ressalte-se que todos os estrangeiros que estão na fila são atendidos no mesmo dia.

Os dados fornecidos pela instituição detalham que o quantitativo de solicitações ativas de refúgio de venezuelanos incluídas pela Polícia Federal em Roraima nos últimos quatro anos foram os seguintes: em 2014, 21 solicitações; em 2015, 279 pedidos; em 2016, 2.310 solicitações; e em 2017 foram contabilizados 14.231 protocolos. Além das solicitações de refúgio, no ano de 2017 foram registradas ainda pela PF 4.320 solicitações de residência temporária junto ao órgão. (R.G)

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