Cotidiano

Venezuelanos afirmam que abrigo em ginásio melhorou a qualidade de vida

Cerca de 500 estrangeiros estão vivendo no Ginásio Tancredo Neves, localizado na zona oeste da capital

Os venezuelanos retirados do acampamento improvisado no entorno da Rodoviária Internacional de Boa Vista, na manhã de sábado passado, 28, e alojados no ginásio esportivo do bairro Tancredo Neves, na zona oeste de Boa Vista, relataram que abrigo provisório tem dado melhores condições de vida a eles. Os imigrantes alegam que no local tem segurança, água e alimentação para todos sem a necessidade de mendigar. O abrigo conta com apoio de organizações não governamentais e Defesa Civil Estadual, que fornecem alimento e ajuda humanitária.

A doméstica Carmem Alverez, de 59 anos, chegou da Venezuela há seis meses e era uma das moradoras do acampamento na rodoviária. Ela vivia em Caracas e trouxe para o Brasil um filho e dois netos. Para ela, o abrigo é melhor que a Venezuela e a rodoviária. No novo local a família dela não dorme na rua sem segurança e todo o dia tem alimento.

“A realidade na Venezuela é muito triste, lá não temos nada. Faltam medicamentos e comida. Não temos condição para viver no nosso país. Na rodoviária era melhor, mas muitas vezes faltava comida e dormíamos ao relento. Aqui temos segurança e comida sempre”, afirmou a venezuelana.

Armando Rosas, 29 anos, ajudante de pedreiro também de Caracas, chegou ao Brasil há dois meses e estava morando na rodoviária e vivendo de diárias. A ida para o abrigo foi satisfatória para os venezuelanos, segundo ele, onde todos têm água para beber, lavar roupas e tomar banho, além da alimentação sem precisar incomodar pedindo dos brasileiros. “Eu estava vivendo com dinheiro de diárias. Trabalhei como ajudante de mecânica e ganhei R$ 30,00 por dia. Mas vir para esse abrigo foi muito bom. Aqui temos tudo, água para todas nossas necessidades e alimento”, comentou.

Conforme o coordenador da Defesa Civil do Estado, Doriedson Ribeiro, o abrigo tem infraestrutura para alojar aproximadamente 500 imigrantes que se encontram no local. O lugar conta com água encanada, banheiros e energia. Dez barracas foram instaladas para dar comodidade aos estrangeiros. A alimentação está sendo oferecida de forma regular: café, almoço e janta. “Estamos fazendo um trabalho o mais humanizado possível para oferecer a máxima comodidade para eles”, frisou.

Indígenas são levados para outro abrigo

Na tarde desta terça-feira, 31, cerca de 130 imigrantes indígenas do abrigo localizado no bairro Tancredo Neves foram transferidos para o abrigo no ginásio do Pintolândia, o Centro de Referência ao Imigrante (CRI), também na zona oeste. A medida foi tomada pela Defesa Civil do Estado para evitar conflitos entre eles e outros imigrantes. 

Conforme o coordenador da Defesa Civil, Doriedson Ribeiro, o abrigo do Pintolândia será apenas para indígenas e o do Tancredo Neves para os outros imigrantes, tendo em vista que ocorria muita confusão entre eles. Muitas vezes, os indígenas não compreendiam situações que envolviam outros imigrantes e aconteciam cenas de agressões verbais entre eles.

Com a separação, a Defesa Civil espera proporcionar uma tranquilidade maior para todos. “Essa foi a forma que vimos para evitar problemas entre os imigrantes, separando os indígenas. Assim acabam as confusões e a tranquilidade vai reinar nos dois abrigos”, frisou. (E.S)

 VENEZUELANOS EM RORAIMA 

Dados da PF apontam que maioria vem de Caracas e tem idade de 22 a 25 anos

Conforme dados divulgados pela Polícia Federal, a maioria dos venezuelanos que migram para Roraima é de Caracas, capital do país vizinho. Mais de 58% são homens e jovens entre 22 e 25 anos. A maior parte deles é estudante (17,93%), seguidos de engenheiro (6,21%), médico (4,83%) e economista (7,83%).

Nas filas para entrada no Brasil, no Município de Pacaraima, cidade fronteiriça à Venezuela, os imigrantes relatam que deixam o país vizinho motivados pela fome e o desemprego. Muitos deixam emprego e família para recomeçar a vida no Brasil.

Nas ruas de Boa Vista muitos deles estão em busca de trabalho. Nos últimos sete meses, o Ministério do Trabalho no Estado (MTE-RR) registrou um recorde de emissão de Carteiras de Trabalho a imigrantes venezuelanos. Nesse período, foram quase três mil carteiras entregues a cidadãos venezuelanos. Em 2015 foram emitidos apenas 257 documentos. Em 2016 esse número saltou para 1.331. (E.S)

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