Os imigrantes refugiados terão a oportunidade de ingressar na Universidade Federal de Roraima (UFRR) a partir do ano que vem. De acordo com a resolução feita pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, os solicitantes poderão participar do Programa de Acesso à Educação Superior da UFRR através de um processo seletivo que vai avaliar a capacidade linguística e habilidades dentro da área do interessado.
As vagas serão preenchidas no lugar das vagas ociosas que são frequentes dentro da instituição por conta de evasão, transferências, falta de preenchimento no vestibular e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). De acordo com o reitor da universidade, professor Jefferson Fernandes, todos os cursos apresentam as vagas ociosas e causam problemas em relação a poucos alunos dentro das salas de aula e concluindo o ensino superior.
“Na resolução, está prevista a instalação de uma comissão específica para fazer a seleção desses pedidos e o detalhamento dependendo da área que o aluno quer fazer. Além da prova de línguas da habilitação em português, ele tem que fazer uma prova específica para ver se ele tem habilidade para o curso que ele pretende ingressar. Mas a ideia central não é criar novas vagas, é aproveitar vagas ociosas que todo semestre aparecem no sistema”, explicou o reitor.
Jefferson afirmou também que, além das vagas ociosas, a motivação surgiu por conta do público que está aumentando no Estado e que pode contribuir para a formação acadêmica roraimense sem ter o perigo de onerar a instituição, o que também vai acarretar no número de preenchimento das disciplinas, que às vezes são fechadas com poucos alunos.
Para fazer a inscrição no processo seletivo, o aluno interessado deve apresentar o protocolo que comprove o pedido de refúgio ou a condição de refúgio no Brasil que é expedida pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), assim como documentos que comprovem a regularidade no país como estrangeiro. Caso o imigrante não possua qualquer tipo de documento comprovando a situação de regularidade, a comissão irá avaliar o pedido. O imigrante será beneficiado apenas uma vez por curso e caso o deixe de ficar regular no país, ele perde a matrícula na UFRR.
Conforme ressaltou o professor do curso de Relações Internacionais da UFRR, Gustavo Simões, a iniciativa é nova para a instituição, mas já está em prática em outros lugares do país. “O processo é como se fosse um vestibular mais simplificado. As vantagens não só para eles, mas também para a universidade. A UFRR apresenta vagas ociosas que ficam sem ser ocupadas e isso é muito ruim para a instituição porque isso impacta no orçamento e no funcionamento da universidade”, afirmou.
O professor apontou que, as oportunidades que esse novo processo acarreta, está também na questão da dificuldade de validação do diploma que muitos estrangeiros encontram ao entrar no país, e por conta do programa, melhores serão as oportunidades no mercado de trabalho brasileiro.
“Evidentemente para os imigrantes em situação de vulnerabilidade, isso vai ser uma grande oportunidade, tendo em vista que eles vão ingressar no ensino superior aqui no Brasil. E para aqueles que nunca ingressaram no ensino superior, é uma oportunidade também de se colocar melhor em um mercado extremamente competitivo que é o mercado brasileiro”, disse Gustavo.
Após o ingresso na instituição, os alunos imigrantes terão todas as obrigações e direitos que os alunos brasileiros e, dessa forma, concorrer a auxílios e bolsas que a UFRR oferece aos discentes. “Vantagem tanto para a instituição como para a sociedade roraimense, afinal de contas, eles vão estar com uma ocupação e vão ter outras oportunidades. Depois de formados, ingressarão no mercado de trabalho de maneira mais qualificada. Então é uma situação de ganho em todos os sentidos”, finalizou o professor. (A.P.L)