Cotidiano

Último salário foi pago em agosto, afirmam servidores

Junto com outros servidores estaduais, algumas categorias garantem estar há mais de um mês sem receber e outras dizem que problema se encaminha para o 20º dia

Após diversas mobilizações e atos de paralisação, os servidores públicos estaduais colocaram em evidência as problemáticas ocasionadas pelos constantes atrasos nos pagamentos de salários. Com a informação que o Governo do Estado não tem previsão para realizar o pagamento, os estaduais temem finalizar o mês de outubro cada vez mais no prejuízo.

Da área da saúde pública até os cargos administrativos, todos estão com mais de 20 dias sem receber os pagamentos. O último salário recebido foi no mês de agosto, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo de Roraima (Sintraima), Francisco Figueira, que representa os servidores do quadro geral do Estado, incluindo administração direta e indireta. “Estamos com atraso no mês de setembro e tudo se encaminha para o mês de outubro ser do mesmo jeito”, disse.

O sindicalista afirmou que os atos de greve não são uma forma de prejudicar servidores e nem a população roraimense, mas é a única forma de ganhar visibilidade sobre os problemas que estão enfrentando sem conseguirem ações concretas por parte do Governo. Um dos pontos de crítica feita pelos servidores é que o Executivo teria arrecadado mais de R$ 500 milhões de fundo estadual, o que não justifica os atrasos.

Em relação à segurança, os policiais civis garantem que desde 2016 os problemas relacionados ao pagamento começaram a aparecer, sendo intensificados no último mês, em que somam 22 dias sem que recebam o salário. “Não descartamos a possibilidade [de greve]. Até quarta-feira, 24, devemos decidir se vamos parar. Deveriam pagar a gente todo dia 10 de cada mês, mas isso não tem ocorrido”, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol), Leandro Almeida.

O sindicalista informou ainda que dentro das delegacias a situação é precária pela falta constante de materiais e até água. Sem ter como continuar custeando as necessidades básicas para trabalhar, muitos nem conseguem chegar ao local de trabalho.

Não é diferente para os policiais militares de Roraima, mas que ainda não vislumbram uma greve por entenderem que a população não pode correr riscos. “Estamos trabalhando indignados com esses atrasos. Não sabemos até que ponto essa aceitação [pela falta de pagamento] vai continuar. Se não for tomada nenhuma providência quanto a isso, vai chegar o momento que não terá mais condições de trabalho”, disse o presidente da associação dos Policiais Militares de Roraima, Capitão Overlan.

Os agentes penitenciários, há 40 dias sem salário, continuam paralisados. Há apenas efetivo de segurança na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) e o recebimento de sacolões e visitas estão suspensos.

AMBULÂNCIAS – Dos serviços essenciais na saúde, parte dos motoristas de ambulâncias também está com os salários atrasados e garante que pode haver greve nos serviços. Segundo o presidente do Sindicato dos Condutores de Ambulância do Estado de Roraima (Sindconam/RR), Robson Carvalho, há 15 dias oito servidores estão sem receber.

Questionado se estava a par da situação do Governo em ter uma arrecadação maior do que a prevista, o sindicalista disse que durante uma reunião feita com a equipe técnica do Governo, foi relatado que a situação seria normalizada quando o Governo do Estado tivesse de acordo com os poderes Judiciário e Legislativo.

“Relataram que só se eles [poderes] abrissem mão do repasse do retroativo do duodécimo. Esse valor que o estado tem [de arrecadação], a gente não teve conhecimento. A equipe econômica está querendo colocar a culpa nos servidores, estão querendo retirar nossos direitos”, completou Carvalho. (A.P.L)