Cotidiano

Terra Yanomami está há 5 dias sem helicóptero para remoção de doentes

Pedidos de resgates estão sendo atendidos por aeronaves do Exército; Ao menos seis pacientes aguardam remoção

A Terra Indígena Yanomami está há pelo menos cinco dias sem o helicóptero que realiza a remoção dos doentes ao Polo Base do Surucucu ou Boa Vista. Nesta sexta-feira (13) há pelo menos seis pedidos de resgate pendentes nas comunidades de Yaritobi e Waphuta. Um deles é de um jovem, de 24 anos, que caiu de uma árvore, informou o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-Y).

Diariamente, há 3 ou 4 pedidos de remoções, conforme o presidente do Condisi-Y, Junior Hekurari. O helicóptero que atende a reserva é contratado pelo Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI-Y). No momento, as solicitações estão sendo atendidas por aeronaves do Exército do Amazonas e Roraima.

De acordo com Hekurari, ele recebeu a previsão de retorno da aeronave para esta sexta-feira, mas só deve ocorrer no sábado (12) pela manhã.

Um ofício assinado por Júnior no último dia 10 e encaminhado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde, explica que “que esta ausência causa o aumento das situações criticas e de óbitos evitáveis”. 

A FolhaBV procurou o Ministério da Saúde e aguarda retorno.

O documento relata o caso da grávida Yanomami, que entrou em trabalho de parto por volta das 22h da segunda-feira (9) e só foi resgatada dois dias depois pelo Exército, na quarta-feira (11), da Comunidade Parima. A equipe de saúde do DSEI-Y chegou a apontar “óbito fetal”, porém, a criança sobreviveu e está internada na UTI neonatal, em Boa Vista.


Mulher Yanomami foi resgatada dois dias após entrar em trabalho de parto na Comunidade Parima – Foto: FAB

“Ficamos felizes com esse apoio que o exército deu, mas precisamos que esse helicóptero retorne. […] Só um helicóptero para chegar nessas comunidades, não tem outro meio para resgatar. Precisamos de helicópteros na Terra Yanomami”, afirma.

A Terra Yanomami é a maior do país e possui 386 comunidades espalhadas no território entre Roraima e o Amazonas. Os indígenas contam com 34 polos-base e 31 unidades de saúde indígena. Ao menos 43 comunidades são consideradas de difícil acesso, onde é possível chegar somente por helicóptero.