Cotidiano

Suely decreta estado de emergência para saúde em Boa Vista e Pacaraima

Preocupação do governo é quanto ao impacto que o intenso e constante fluxo migratório tem causado no sistema de saúde

A governadora Suely Campos (PP) assinou ontem o Decreto de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) para Boa Vista e a cidade de Pacaraima, no Norte do Estado, na fronteira com a Venezuela.  A iniciativa visa facilitar a obtenção de ajuda do Governo Federal para garantir que os serviços de saúde sejam mantidos de maneira contínua para os brasileiros e venezuelanos.  

A preocupação é quanto ao impacto que o intenso e constante fluxo migratório venezuelano tem causado no sistema de saúde. O Governo do Estado estima que aproximadamente 30 mil venezuelanos tenham migrado para Roraima. O decreto foi no Centro de Referência ao Imigrante, no bairro São Vicente, zona Sul, e terá vigência de 180 dias. Com a decisão, o Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM) irá elaborar e monitorar o plano de resposta à situação de emergência.

“Nós temos que pedir ajuda ao Governo Federal porque o Estado não tem como suportar por muito tempo essa demanda enorme em relação aos venezuelanos. É uma forma de justificar essa ajuda que precisamos trazer para Roraima”, disse a governadora Suely ao lembrar que essa situação prejudica a prestação de serviço ofertada aos brasileiros e que o Estado vem arcando solitariamente com os custos advindos do fluxo migratório.

Ela destacou a necessidade de ampliar a oferta de medicamentos e de médicos, principalmente no Hospital de Pacaraima Délio Tupinambá. “Lá está sobrecarregado”, frisou Suely ao complementar que essa preocupação foi exposta quando esteve reunida em conferência com o presidente Michel Temer (PMDB).

A governadora falou da urgente necessidade de o Governo Federal implantar uma barreira sanitária para evitar que doenças avancem pelas fronteiras, inclusive as já erradicas no país. “Os índices de casos de malária começaram a subir e há o risco de voltarem outras doenças que já erradicadas no Brasil”, frisou a chefe do Executivo estadual.  

O secretário estadual de Saúde, César Penna, disse que o maior impacto dessa migração está sendo sentido pelo sistema de saúde do Estado. Segundo ele, o número de pessoas da Venezuela atendidas mensalmente no Hospital Geral de Roraima (HGR) saltou de 30 para 250 nos últimos meses, sendo a maioria dos atendimentos relacionados a procedimentos cirúrgicos. “A cada dois é realizada uma cirurgia em pacientes venezuelanos”, informou.

No Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), o número passou de uma média de três atendimentos por mês para uma faixa de 90. Situação mais perceptível é em Pacaraima. Atualmente, 600 pessoas do país vizinho são atendidas mensalmente naquela cidade, enquanto antes a média era de 20 pacientes.

De acordo com o secretário, o hospital de Pacaraima recebeu um médico ginecologista obstetra. O horário de atendimento foi ampliado e haverá mais reforço a partir de janeiro de 2017.  Penna frisou que todos os venezuelanos são atendidos de forma igualitária em relação aos brasileiros. “Em nenhum momento a saúde do Estado deixou de atender esses pacientes e não faz nenhuma diferença ao manter um atendimento igualitário”, ressaltou.

O secretário executivo da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Doriedson Ribeiro, considerou importante o apoio do Governo Federal para que se possa trazer a Força Nacional de Segurança para o Estado para atuar diante da situação, principalmente com relação à barreira sanitária que deve ser instalada na fronteira. “Tudo isso se faz necessário por uma questão de saúde pública no que diz respeito à vacinação”, considerou.