Cotidiano

STF cobra explicações do governo Lula sobre aumento da malária na Terra Yanomami

Em nota, Casa Civil e Ministério da Saúde afirmaram que prestarão todas as informações solicitadas dentro do prazo estabelecido de 10 dias

STF cobra explicações do governo Lula sobre aumento da malária na Terra Yanomami STF cobra explicações do governo Lula sobre aumento da malária na Terra Yanomami STF cobra explicações do governo Lula sobre aumento da malária na Terra Yanomami STF cobra explicações do governo Lula sobre aumento da malária na Terra Yanomami
Yanomamis sofrem com desnutrição em Roraima (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Yanomamis sofrem com desnutrição em Roraima (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) explique, em até 10 dias, o crescimento dos casos de malária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A decisão foi proferida pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, na última quinta-feira (6), e o prazo se encerra no dia 16 deste mês.

O despacho do ministro atende a um pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que relatou à Corte um aumento de 27% nos registros da doença entre 2023 e 2024. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em apenas seis meses, foram notificados 18.310 casos em uma população de 32.012 indígenas, o que representa mais da metade dos habitantes da região possivelmente infectados. A entidade também alertou para o crescimento dos índices de desnutrição e infecções respiratórias agudas.

A Apib criticou a falta de transparência do governo na divulgação de dados sobre a crise sanitária. Segundo a organização, até setembro de 2023, os boletins do Ministério da Saúde eram publicados semanalmente, mas passaram a ser mensais e, desde agosto do ano passado, semestrais. Além disso, o governo deixou de responder a pedidos de informações sobre a situação na terra indígena via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Diante do cenário, a Apib destacou que, embora o ministério tenha atribuído o aumento dos registros à ampliação da cobertura dos serviços de saúde, a persistência do surto indica falhas na resposta governamental. “É estarrecedor que, após pelo menos dois anos de conhecimento público sobre a situação, os números continuem elevados e a transparência sobre as ações empregadas seja reduzida”, afirmou a entidade.

O governo Lula decretou emergência sanitária na Terra Yanomami em janeiro de 2023 e realizou operações para a retirada de garimpeiros, além de reabrir seis dos sete polos-base de atendimento médico. No entanto, no início do ano passado, reconheceu que as medidas adotadas não foram suficientes para conter a crise. Em março, destinou R$ 1 bilhão para ações emergenciais, mas a Apib sustenta que os recursos não reverteram o cenário de óbitos e agravamento da saúde indígena.

Governo defende ações na região

Onze ministros e outras autoridades participaram da cerimônia de inauguração da Casa de Governo em Boa Vista em fevereiro de 2024 (Foto: Lucas Leffa/SECOM/PR)

Em nota conjunta, o Ministério da Saúde e a Casa Civil da Presidência afirmaram que todas as informações solicitadas pelo STF serão prestadas dentro do prazo estabelecido. O governo destacou que, desde 2023, vem promovendo a maior operação já realizada pelo Estado na Terra Indígena Yanomami, com ações para reverter o abandono herdado e garantir a proteção e recuperação das condições de vida dos povos indígenas.

As pastas informaram que a atuação coordenada de 33 órgãos federais reduziu em 95% as novas áreas de garimpo, afastando a principal causa da degradação ambiental e sanitária no território. Além disso, o governo afirmou que garantiu o funcionamento de 100% dos polos-base de atendimento de saúde, ampliou em 155% o número de profissionais e reabriu todas as unidades que estavam fechadas, permitindo a reinclusão de mais de 5.200 indígenas que estavam sem assistência médica.

A nota também destacou a redução de 27% no número de óbitos no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, com quedas expressivas nas mortes por desnutrição (-68%), infecções respiratórias (-53%) e malária (-35%). Segundo o governo, o aumento no número de casos reportados se deve à ampliação da busca ativa e do acesso ao diagnóstico, resultando em um crescimento de 73% nos exames realizados, o que contribuiu para a redução da letalidade da doença.

Outras medidas implementadas incluem a instalação de 29 sistemas de abastecimento de água, com 18 em construção ou reforma, e a distribuição de mais de 114 mil cestas de alimentos para a população indígena. O governo destacou ainda a criação da Casa de Governo em Boa Vista (RR), instalada em fevereiro de 2024, com a finalidade de coordenar a retirada de invasores e a recuperação da infraestrutura local.

“O Governo Federal segue atuando de forma estruturada e contínua para reverter anos de negligência e garantir que os povos Yanomami tenham autonomia, dignidade, assistência e segurança em seu território, reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos indígenas e a soberania nacional”, concluíram as pastas.

*Com informações de Estadão Conteúdo.

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