‘Sou milagre de Deus’, diz vereadora com câncer em retorno à Câmara

Menos de um mês após se submeter a cirurgia contra um câncer nos ovários, a vereadora Tuti Lopes (PL) retornou à Câmara Municipal de Boa Vista nesta terça-feira (14). Em emocionado discurso de mais de meia hora na tribuna, a parlamentar agradeceu aos colegas de parlamento e à sociedade em geral pelo apoio recebido e afirmou ser um “milagre” no tratamento contra a doença.

• LEIA MAIS: Tuti Lopes é diagnosticada com câncer; vereadores e prefeito raspam cabeça

“Sou um milagre de Deus, porque acredito na minha cura, ainda que a Medicina tenha a menor dúvida quanto a isso, porque eu não tenho nenhuma dúvida. Coloquei desde o início Deus à frente”, disse, aplaudida no plenário. “O meu diagnóstico hoje não é maior que do que eu sou, porque o que eu sou, construí a vida inteira”.

Em outro momento, Tuti lembrou, com a voz embargada, da decisão de recusar o uso de peruca para esconder a cabeça raspada por causa do tratamento, ao dizer que se sente “infinitamente mais forte e até mais bonita” sem os cabelos – os quais diz acreditar que crescerão “no momento em que puderem vir”.

A parlamentar disse que ainda precisa finalizar o tratamento, com direito a refazer exames e ir a consultas médicas. Ela explicou que sua imunidade ainda está frágil e diz querer poder abraçar e agradecer a todos quando sua saúde estiver melhor. Na sessão desta terça, por exemplo, os vereadores usaram máscaras faciais em respeito à saúde dela.

Tuti Lopes também disse que o tratamento lhe aproximou de muitas pessoas que vivem o mesmo drama, seja particular ou mesmo de algum amigo ou familiar, e ainda defendeu que a classe política ajude a fortalecer o sistema de saúde em prol dos pacientes oncológicos de Roraima, de forma a evitar que, assim como ela, saia do Estado para lutar contra o câncer, longe da família.

Projetos de Lei aprovados

Na sessão que marcou o retorno da vereadora, o plenário aprovou dois Projetos de Lei de sua autoria: o que muda para “crianças com deficiência ou crianças deficientes” o termo “crianças com necessidades especiais”, antes previsto na lei de sua própria autoria – que estabeleceu em 2021 a política pública municipal para a garantia, proteção e ampliação dos direitos desse público; e o que prevê a criação do selo de responsabilidade social “Parceiros das Mulheres” para certificar empresas que priorizam a contratação de mulheres vítimas de violência doméstica.

*Por Lucas Luckezie