Cotidiano

Sociólogo diz que miséria na Venezuela deve agravar a imigração em Roraima

Todos os dias, centenas de venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil, em Pacaraima, à procura de melhores condições de vida

Sociólogo diz que miséria na Venezuela deve agravar a imigração em Roraima Sociólogo diz que miséria na Venezuela deve agravar a imigração em Roraima Sociólogo diz que miséria na Venezuela deve agravar a imigração em Roraima Sociólogo diz que miséria na Venezuela deve agravar a imigração em Roraima

O número de venezuelanos em Roraima aumentou consideravelmente no último ano. A crise política e econômica no país vizinho e a escassez de alimentos fazem com que, diariamente, centenas de pessoas cruzem a fronteira em Pacaraima, ao norte do Estado, em busca de melhores condições de vida. Em entrevista ao Programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, o sociólogo Vicente de Paula Joaquim afirmou que atualmente existem cerca de um milhão de venezuelanos em situação de miséria e que a rota de fuga de boa parte deles é Roraima.

Ele disse que a imigração não é uma questão simples de se explicar, mas que as consequências podem ser debatidas. “As pessoas não migram porque querem, migram porque são expulsas ou obrigadas a deixar o seu local de origem por diversos motivos. Isso acontece desde o tempo bíblico. Quem migra por aventura são pessoas de posse, os outros buscam por melhores condições de vida”, explicou.

O sociólogo destacou que Roraima já passou por períodos em que recebeu pessoas de outros estados que ajudaram a tornar o Estado no que é hoje. “Tivemos um momento de migração de maranhenses, que viram em Roraima a oportunidade de uma nova vida, em um Estado que estava começando a se desenvolver. Em seguida, com os concursos públicos, recebemos pessoas de diversas outras partes do País. Hoje, todo esse povo já se misturou e é difícil encontrar uma pessoa com origem 100% roraimense”, disse.

Joaquim lembrou que, nestes dois períodos, a população roraimense teve um olhar preconceituoso para com os migrantes. “Muitos viam estas pessoas como inimigos que vieram roubar seus empregos e cargos públicos. Uma visão antiquada que foi se desfazendo com o passar dos anos e com a mistura destes povos de diferentes localidades do Brasil”, detalhou.

Comparando o atual movimento de imigração com os anteriores, o sociólogo afirmou que a situação é preocupante. “O quadro é muito mais grave, pois é uma situação de fronteira. As imigrações anteriores ocorreram de forma que o Estado teve tempo de se preparar e adaptar para o crescimento populacional, o que não ocorre hoje. Espaço para expansão da população nós temos, o que nos falta é estrutura para isso. Com a entrada desenfreada de imigrantes, aumenta a demanda por serviços púbicos como saúde, educação e segurança”, afirmou.

O sociólogo disse que toda essa situação foi criada devido a um modelo político insustentável na Venezuela. “As políticas populistas e uma economia baseada somente no petróleo foram a derrota da Venezuela. Não podemos tratar estes imigrantes com preconceito e nem fechar as portas pra eles, pois, antes de roraimenses, somos humanos, mas essa imigração desenfreada necessita parar”.

A solução apontada por Joaquim é a reestruturação e recuperação da Venezuela, para que estes imigrantes possam retornar para o país de origem. “Essa é a única solução. Claro que o governo nas esferas federal, estadual e municipal deve agir e auxiliar este povo, mas qualquer recurso investido nesse sentido será uma solução paliativa. Não adianta pagar aluguel, alimentação e fornecer demais benefícios, pois isso não irá resolver o problema”, frisou.

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