O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter) criticou a não convocação da categoria, por parte da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), para discutir a elaboração do calendário referente ao ano letivo de 2017. Do outro lado, a Seed declarou que não houve movimentação por parte do Sinter para debater o assunto e que o calendário foi criado com base na situação das escolas e dos pré-requisitos previstos em lei.
Conforme a entidade sindical, normalmente, todos os professores têm direito a 30 dias de férias no final do ano e mais 15, contabilizando os 45 dias de recesso junto aos alunos. Contudo, de acordo com o presidente do Sinter, Flávio Bezerra, a proposta da Seed, mediante o calendário divulgado, é que as escolas que não foram atingidas pela greve dos professores ficarão mais de 30 dias paradas, a fim de que sejam contempladas no mesmo calendário que as demais, ainda que o recesso dos educadores termine antes.
Considerando o calendário, o presidente informou que, para cumprir os 200 dias letivos obrigatórios, será necessário ter aula aos sábados, feriados e possíveis pontos facultativos que possam surgir. Porém, conforme o sindicato, se o período letivo começasse mais cedo, isso não seria preciso. “O secretário disse que houve discussão prévia em algumas escolas, mas nossa preocupação é com a qualidade da educação. Sabemos que essas aulas, nos feriados e sábados, não têm o rendimento eficiente como desejam”, frisou.
Segundo ele, apesar de os professores irem às escolas para dar aula, a frequência dos alunos é baixa e que, além do sacrifício do professor, a família também perde o contato nos dias de folga com os filhos que vão para a escola. “Supõe-se que o término do ano letivo é dia 17 de janeiro e que você deveria voltar em 17 de fevereiro, mas as aulas só recomeçam no dia 4 de março. Por que, então, não se começa o ano letivo em fevereiro?”, questionou Bezerra.
O presidente do sindicato ressaltou que os professores estão acostumados a dar aula em fevereiro e parar normalmente no período do Carnaval. Ainda que a Seed tenha apresentado a proposta para unificar os calendários, o Sinter ressaltou que também quer a unificação e o cumprimento do calendário todo em 2017, mas acredita que, se houver apenas o recesso de trinta dias no início do ano, as aulas aos sábados podem ser evitadas.
Outra reclamação dos professores está ligada ao período do ano letivo. Bezerra explicou que 200 dias é o período mínimo para se dar aula, mas que estão em um momento atípico. “Se há necessidade de fechar o calendário, por que mais de 200 dias? O secretário mesmo prometeu que não passaria do tempo mínimo por ser contra. Me espantou ao ver 208 dias no Calendário 1”, enfatizou o presidente ao ressaltar que o Sinter ainda não teve acesso aos demais calendários.
Em relação a não participação na elaboração do calendário, Bezerra informou que não houve convite e atribuiu o ocorrido à falta de organização da Seed. Para ele, alguns técnicos e gestores desconhecem a legalidade das ações do próprio órgão. Apesar do ano atípico, ele explicou que o Sinter esteve presente nas discussões anteriores, inclusive visitando as escolas para saber o calendário ideal para a adequação.
Flávio Bezerra ressaltou que os professores vão continuar aguardando a convocação tanto para participar da elaboração dos próximos calendários, se ainda não foram elaborados, quanto para ver as possíveis correções. Além disso, espera que o secretário de Educação escute o questionamento que vem da base. “Por que voltar à escola e não começar com o ano letivo antes, ao invés de prejudicar a qualidade do ensino com aulas aos sábados? Os alunos não comparecem”, frisou. (A.G.G)
SEED – A diretora do Departamento de Educação Básica da Seed, Lucimar Sales, ressaltou que, se o Sinter conseguir elaborar um calendário sem nenhuma aula aos sábados até dia 22 de dezembro de 2017; com 200 dias letivos e 800 horas, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); de forma que as escolas que ficaram 76 dias de greve deem início às aulas quando terminar o ano letivo de 2016 e respeite os 30 dias de recesso e período de planejamento de aulas; a secretaria não teria dúvidas de que cancelaria o calendário que os técnicos fizeram e adotaria o proposto pelo sindicato. (A.G.G)