Representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário (Sintracomo) denunciam que mais de R$ 300 mil teriam sido retirados ilegalmente de das contas da entidade na CEF (Caixa Econômica Federal). Conforme a denúncia, depois de muito protelar, a agência devolveu ao sindicato parte do dinheiro, porém a ainda deve mais de R$ 140 mil, sem contar os juros e as correções monetárias devidas.
O presidente sindical, Lourival Ferreira, disse que entre os documentos protocolados junto à Caixa, há comprovação de movimentação fraudulenta se arrastando há quase três anos.
Segundo ele, tudo teria começado quando a tesoureira do sindicato, à época, faleceu no dia 28 de março de 2011. Contudo, ela já estava afastada por motivos de saúde desde 2010. “Mesmo afastada por internação na UTI (Unidade do Terapia Intensiva), HGR (Hospital Geral de Roraima) e falecida, seguiu ‘assinando’ cheques em 2011, 2012, 2013 e 2014”, informou, com os extratos bancários e as cópias dos cheques assinados em mãos.
Ainda conforme Ferreira, entre 30.05.2012 e 08.11.2013, pelo menos 73 cheques foram “assinados” por uma pessoa que nunca teve cartão de assinatura na CEF relativa à conta do Sindicato. “Mesmo sem ter cartão de assinatura, uma funcionária da agência bancária, “reconhecia e autenticava” as assinaturas que não existiam”, explicou.
O atual tesoureiro do sindicato, Pedro de Almeida, salientou que em primeiro lugar, a nova diretoria que assumiu em janeiro de 2014, ao fazer auditoria das contas, desconfiou que as assinaturas do ex-presidente do sindicato, Adrico da Silveira, um octogenário, pareciam falsificadas. “Solicitamos cópias dos cheques a Caixa Econômica que tardou meses para enviá-los.Com os cheques em mãos, encontramos os “assinados” pela pessoa que nunca teve cartão de assinatura. Isto pareceu-nos um escândalo e seguimos investigando”, lembrou.
Durante as investigações, segundo Almeida, foi descoberto o atestado de óbito da ex-tesoureira que “assinou” cheques por mais de três anos depois de morta. O primeiro contato com a CEF para tratar desse caso aconteceu em fevereiro de 2014, quando foram solicitados os extratos dos anos anteriores.
“Em agosto, ou seja, seis meses depois chegaram os extratos. Depois começou outro longo período de espera pelo envio das cópias dos cheques provando a falsificação. Em janeiro de 2015 – portanto um ano depois – a Caixa solicitou vários documentos para comparar as assinaturas. Fato imediatamente atendido pelo sindicato. Nesse mesmo período foi descoberto o atestado de óbito da ex-tesoureira”, mencionou.
Só depois de tornar público o caso na mídia, segundo o presidente do Sintracomo, a Caixa resolveu devolver uma parte da quantia total no valor de R$ 190 mil. “O pior de tudo isso, é que o gerente bancário teve a audácia de dizer que era adiantamento para posterior comprovação. Comprovar o quê, se tudo está documentado?”, indagou.
Ele reclama ainda que após registrar o ocorrido à Polícia Civil e a Polícia Federal, a outra parte continuava protelando. “Cartas são protocoladas, assinadas e carimbadas e a Caixa diz que não as receberam. Reuniões são marcadas pela própria instituição bancária e eles não aparecem. E por último, o silêncio. Esse ato não pode ficar impune, caso o acordo administrativo não resolva, vamos partir para medidas mais enérgicas”, disse tesoureiro.
OUTRO LADO – Conforme nota enviada pela Caixa Econômica Federal, uma notícia crime que originou o inquérito, foi protocolada junto à Polícia Federal.
Segundo a nota, a instituição financeira está contribuindo com o trabalho de investigação da Polícia e que as informações são repassadas exclusivamente às autoridades policiais.