Cerca de 30 funcionários terceirizados responsáveis pela limpeza e serviços gerais no Hospital Geral de Roraima (HGR) procuraram a Folha para reclamar do atraso salarial de quase três meses pela empresa Cometa Serviços Ltda. Eles alegam que a falta de pagamento prejudica o deslocamento para que cumpram com suas atividades.
Com quadro de pessoas reduzido, o HGR acumula lixo e sujeira. A categoria vem enfrentando o problema há aproximadamente dez meses. Nesse período, eles já realizaram três protestos para cobrar o pagamento, o que resolveu a situação de maneira paliativa.
Os registros feitos por aparelho celular pelos próprios funcionários evidenciam o acúmulo de lixo e sujeira nos corredores do HGR, em quartos e banheiros de pacientes, inclusive em setores em que a higienização é fundamental, como o do Trauma e o da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Segundo o servidor L. C, que atua na área de serviços gerais, sempre que ele vai à sede da empresa Cometa Serviços Ltda cobrar uma posição sobre os salários atrasados, sofre ameaça de demissão. “Eu não aguento mais esse problema. Sempre que vou ao escritório para ter uma posição de salário, sou ameaçado de demissão. É inadmissível uma coisa dessas”, afirmou.
Ainda segundo ele, dos 30 servidores responsáveis pela limpeza do hospital, apenas sete estão desempenhando suas atividades. Os 23 restantes estão impedidos de trabalhar por falta de dinheiro para locomoção. O fato acaba sobrecarregando os que estão conseguindo ir para a unidade realizar o serviço. “Está difícil. De 30 pessoas que trabalham na limpeza, apenas sete estão cumprindo as atividades. O restante não tem como pagar passagem, fica em casa e quem vem para o trabalho se sobrecarrega”.
Conforme outro servidor, a situação dele ainda é mais complicada porque a pensão alimentícia, que precisa ser paga mensalmente, está em atraso por conta da falta do salário. “Só que o juiz não quer saber disso, quer saber só do pagamento. Já está para ser expedido o mandado de prisão por conta desse atraso. A minha esperança é que os salários atrasados saiam para eu resolver essa situação”, frisou.
GOVERNO – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclarece que as empresas terceirizadas são responsáveis pela remuneração de seus funcionários, mesmo que deixem de receber os repasses por até três meses. A secretaria frisou que está fazendo o possível para que os repasses junto à referida empresa sejam regularizados o mais breve possível.
A gestão ressaltou que não tem conhecimento de que o efetivo esteja reduzido no HGR, mas afirmou que irá averiguar o fato relatado pelo funcionário. Na quarta-feira, por exemplo, frisou que os serviços foram realizados normalmente em todos os setores da unidade. “Há um fiscal que analisa se a limpeza está sendo executada conforme prevê o contrato e, caso haja algum descumprimento, a empresa é notificada imediatamente”, destacou.
EMPRESA – A Folha tentou contato com a empresa terceirizada responsável pela contratação dos funcionários, mas até o fechamento desta matéria não obteve sucesso. (E.S)