Cotidiano

Servidores liberam passagem, mas planejam paralisação geral

Bloqueio de um dia no Posto Fiscal resultou em mais de 100 caminhões enfileirados sem prosseguir viagem; sindicato garante que novas ações irão ocorrer

Após um dia de bloqueio no Posto Fiscal do Jundiá, na divisa dos estados de Roraima com o Amazonas, servidores públicos estaduais entraram em acordo para liberarem a passagem de automóveis e veículos de carga nessa quarta-feira, 28. Motivados pela falta de policiamento no local, os funcionários retornaram as atividades até que uma nova decisão de paralisação geral seja formalizada.

A paralisação foi motivada pela falta de pagamento de salário dos servidores há mais de três meses, assim como a diária recebida pelos funcionários que trabalham em regime de plantão no posto.

Durante o bloqueio na BR-174, cerca de 180 caminhões foram impedidos de seguir viagem e ficaram enfileirados até a reserva indígena Waimiri-Atroari. Segundo garantiu o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos de Roraima (Sintraima), Francisco Filgueiras, cerca de 90% dos caminhoneiros demonstraram apoio à manifestação dos servidores púbicos.

“A fila ficou enorme e alguns caminhoneiros queriam passar de qualquer forma e os funcionários que estavam por lá não dariam conta de resolver em caso de algum problema, justamente por não ter policiais para dar apoio”, relatou. Em meio à barreira, os caminhões chegaram a abrir passagem para que ônibus turísticos conseguissem passar.

Uma nova paralisação geral já está sendo estudada pelos servidores para acontecer na semana que vem, onde pretendem fechar o posto de fiscalização até que a situação dos salários seja regularizada. A ação causa preocupação em relação ao abastecimento alimentício e de combustíveis no estado. “Não temos mais condições de continuar, estamos sem ter como levar comida para passar o plantão”, prosseguiu Filgueiras.

O sindicalista detalhou que a arrecadação das notas fiscais para geração do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não está sendo utilizada para pagamento dos servidores e que por conta disso, irá reunir todos os funcionários para acamparem e deflagrarem o fechamento por tempo indeterminado do posto fiscal.

POLICIAIS MILITARES – Localizado no município de Rorainópolis, o posto da Polícia Militar de Roraima não está funcionando desde segunda-feira, 26, quando os policiais militares deixarem de trabalhar por não terem mais condições financeiras para atuarem na fiscalização. O trabalho feito pela guarnição é por regime de plantão, com o período de 15 dias para cada equipe, realizando a abordagem e verificando os veículos que adentram no estado.

O presidente do sindicato enfatizou que a possível paralisação da semana que vem só deve acontecer com o apoio da guarnição por temerem qualquer tipo de represálias por parte dos motoristas que possam tentar furar o bloqueio. “Estamos pensando não só na segurança dos servidores, mas também dos caminhoneiros que estão nos dando apoio nesse momento”, finalizou.

OUTRO LADO – Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) ressaltou que o pagamento relativo ao salário do mês de outubro dos servidores, inclusive os da administração indireta, depende de desbloqueios das contas do governo. “A maior dificuldade em honrar esse compromisso é gerada por bloqueios judiciais e a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) tem feito reiteradas ações para solucionar o problema”, relatou a nota. Enfatizou ainda que o Governo aguarda o desbloqueio, para realizar o pagamento dos salários do funcionalismo. (A.P.L)