FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
“Questão de ordem”, foi uma das expressões mais ouvidas na tarde de ontem, 25, durante assembleia geral extraordinária realizada no auditório da Central Única dos Trabalhadores (CUT), localizada na Avenida Mário Homem de Melo, no bairro Buritis. A reunião foi proposta pelo Sindicato dos Profissionais da Enfermagem de Roraima (Sindprer). Durante a discussão da pauta, houve muitas interrupções.
Apesar do clima de tensão, o presidente do sindicato, Melquisedek Menezes, insistiu para que a ordem fosse mantida e iniciou as discussões abordando o calendário de pagamentos. Após as deliberações, concluíram que a data-limite para pagamento dos salários dos servidores da enfermagem ficaria proposta para todo dia 10 de cada mês.
Outro assunto bastante discutido foi a retirada da Gratificação de Assistência Específica (GAE) dos servidores ainda contemplados. Uma das profissionais, que atua no Hospital das Clínicas, declarou que não recebe o benefício há um ano. O presidente do sindicato apresentou um memorando circular, que informa sobre a extinção da gratificação para os servidores, o que deixou muita gente nervosa. O sindicato disse que ainda não foi formalmente informado sobre o corte da GAE.
O momento de maior aflição para quem participou da assembleia foi descobrir que há um projeto de lei sob a iminência de ser encaminhado para votação na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE/RR), que discorre sobre a demissão de servidores efetivos.
O deputado Nilton Pereira, conhecido como Nilton do Sindpol, também esteve presente na reunião, mas depois de suas incisivas declarações, foi cobrado por parte dos enfermeiros e técnicos em enfermagem. O parlamentar não foi omisso ao dizer que é representante dos sindicatos entre os novos deputados e afirmou que vai lutar a favor dos trabalhadores do Estado.
A redução do repasse de recursos para a Saúde estadual, de 18% para 12%, também foi discutida durante a assembleia. Proposta que, segundo o sindicato, também já está sob o domínio da administração pública. Para todas as retiradas de direitos e gratificações, os participantes da reunião votaram de forma contrária e insistiram que se não há meios de revisar os salários que estão defasados, ao menos sejam mantidos os benefícios dos quais gozam atualmente.
Antes de encerrar a assembleia, ficou decidido que uma mobilização será iniciada nas redes sociais, aplicativos de compartilhamento de mensagens e mídias e veículos de comunicação, visando a valorização da categoria, não redução ou extinção de qualquer incentivo e o risco de demissão de servidor estatutário.
“Tratamos dos salários, do calendário em dia; do repasse da Saúde em Roraima; da demissão de servidores. Todas essas possibilidades nós colocamos e discutimos em assembleia. Ficou deliberado que nós estamos mobilizados, acompanhando de perto, buscando sempre o diálogo com o Executivo, de uma forma responsável, respeitosa e harmoniosa”, disse Melquisedek Menezes.
O presidente do Sindprer contou que a categoria está bastante apreensiva desde que o governo decretou crise financeira.
“A gente busca soluções, mas não aceita que o primeiro a pagar pelos erros de gestão seja o servidor. O servidor da enfermagem está trabalhando diuturnamente, de maneira insalubre, sem condições de trabalho, então a gente quer manter o que tem. Foram pautas que a categoria discutiu e buscou entendimento”, acrescentou Menezes.
Ele confirmou que na manhã de ontem os representantes de sindicatos estiveram reunidos com o governador, Antonio Denarium (PSL), no Palácio Senador Hélio Campos, para tratarem dos pontos que afligem cada categoria.
‘TRANSPARÊNCIA’ – Em nota, o governo destacou que no encontro oficial foram discutidas as dívidas do Estado e questões relacionadas aos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores.
“Na oportunidade, Denarium anunciou o pagamento de todos os servidores nos dias 12 e 13 de fevereiro, referente ao salário de janeiro de 2019”, destacou a nota.
O governo informou ainda que as dívidas que o Estado adquiriu ao longo das últimas gestões foram detalhadas e discutiu maneiras de deixar as contas em dia.
“Colocamos para eles [representantes das categorias] com transparência os recursos públicos e como estão sendo movimentados e todos perceberam que estamos demonstrando a seriedade na condução desses recursos, como repasse para prefeituras, Poderes, Educação e Saúde”, disse Denarium.
O governo não se pronunciou sobre o projeto del ei que versa a respeito da demissão de servidores nem sobre a redução dos repasses para a Saúde. (J.B)