Cotidiano

Roraima registra mais 1,3 mil pessoas vivendo com HIV desde o ano de 2010

Boa Vista concentra o maior número de casos (1.089), seguido por Rorainópolis (40) e Pacaraima (26)

Uma pesquisa do Ministério da Saúde (MS) mostrou que nove em cada dez jovens de 15 a 19 anos sabem que usar camisinha é o melhor jeito para evitar o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Mesmo assim, seis em cada dez destes adolescentes não usaram preservativo em alguma relação sexual em 2016.

Em Roraima, os números em relação ao vírus são preocupantes: de 2010 até o ano passado, 71 jovens dessa faixa etária adquiriram a doença. Somando todas as idades, são 1.367 pessoas vivendo com HIV no Estado. Destas, nove foram identificadas apenas no primeiro mês de 2017.

De acordo com relatório do Núcleo de Controle de DST/AIDS da Secretaria Estadual da Saúde de Roraima (Sesau), Boa Vista concentra o maior número de casos: 1.089 de janeiro de 2010 a janeiro de 2017. Em segundo lugar, aparece Rorainópolis, no Sul do Estado, na divisa com o Amazonas, com 40 casos, sendo nove identificados em 2015 e cinco em 2016. Pacaraima, Norte do Estado, na fronteira com a Venezuela, está em seguida, com 26 casos de HIV no total.

FAIXA ETÁRIA – Em relação à faixa etária, a que apresenta o maior número de casos é de 20 a 29 anos: 451 registros de 2010 a 2016. No mesmo período, foram registrados 418 casos de 30 a 39 anos e 244 de 40 a 49 anos.

O que mais assusta, conforme o gerente do Núcleo de Controle de DST/AIDS, José Aristides Viola, é que a grande maioria de pessoas infectadas pelo vírus no Estado possui o ensino médio completo. “São 418 pessoas no total que possuem o ensino médio completo, ou seja, são pessoas que possuem conhecimento, sabem da doença, dos perigos e têm facilidade de compreender os riscos, mas, mesmo assim, se deixaram infectar. O número de analfabetos soma 44 no total, uma grande diferença”, disse.

PROFISSÕES – José Aristides Viola também alertou sobre a diferença entre o número de pacientes registrados por ocupação até o ano passado: 165 donas de casa, 96 estudantes, 49 desempregados, 35 cabeleireiros, 23 aposentados, 23 empregados domésticos, 14 professores do ensino fundamental, 12 garçons, 8 soldados da Polícia Militar, 5 enfermeiros, 5 jornalistas, entre outros. Em relação à sexualidade, 1.076 dos infectados são heterossexuais, 256 homossexuais e 137 bissexuais.

BAIRROS – Aristides também mostrou que há identificação de casos por bairros. A maior incidência está na zona Oeste de Boa vista: São 16 no Dr. Silvio Leite, 15 no Liberdade e Cidade Satélite, 11 no Asa Branca, 10 no Jardim Equatorial, entre outros.

“Como conseguimos montar um relatório bem específico, com dados sobre os bairros, faixa etária, sexualidade e outros detalhes, vamos agora traçar estratégias e ações especificamente pensando nessas informações.

Intensificar os trabalhos de prevenção e conscientização nos bairros de maior incidência e promover ações não só no Dia Mundial de Combate à AIDS, mas durante todo o ano, inclusive dentro das unidades prisionais. Vale ressaltar que esse é um trabalho que necessita ser realizado em conjunto com o município, organização civil, imprensa e toda a sociedade”, disse o gerente.

Ele também alertou que a preocupação deve ocorrer para todas as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). “Tivemos um aumento no número de ISTs de 2015 para 2016 de 43 novos casos. Ao todo, desde 2010, são mais 14 mil registros desse tipo de doença no Estado, como sífilis, gonorreia, herpes genital, entre outros. Elas são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, e isso acontece pela falta de cuidado e o não uso do preservativo”, enfatizou.

Mais de mil meninas de até 17 anos foram mães no ano passado em RR

O preservativo ajuda não só a evitar a transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como também a gravidez indesejada e precoce. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (Sesau), 1116 meninas, entre 11 e 17 anos, foram mães em 2016.

Desse total, 394 meninas têm 17 anos, 337 têm 16 anos, 219 com 15 anos 118 com 14 anos, 36 com 13 anos, 11 com 12 anos e 1 com 11 anos de idade. Ainda não há dados de 2017, de acordo com a Sesau.

A falta de informação e de conversa dentro de casa está entre os motivos para a gravidez na adolescência. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000 a 2014, 60% das internações hospitalares de adolescentes entre 15 e 19 anos tiveram como causa a gravidez precoce. Entre crianças menores, com 10 a 14 anos, quase 10% das internações hospitalares aconteceram por causa de gravidez, parto e complicações pós-parto.

Além disso, uma gravidez precoce e não planejada contribui em diversas mudanças na vida da adolescente. O aumento de gestações não programadas impacta diretamente na demanda por serviços públicos como saúde e educação, o que afeta a sociedade como um todo. De acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a gravidez precoce inviabiliza o crescimento de US$ 3,5 bilhões por ano no PIB brasileiro.

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