A grave crise econômica e humanitária que assola a Venezuela fez com que centenas de estrangeiros escolhessem o Brasil para se refugiarem. Segundo o último levantamento do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), órgão vinculado ao Ministério da Justiça (MJ), de janeiro a março deste ano, mais de mil venezuelanos pediram abrigo em Roraima, média superior a 300 solicitações por mês.
O país vizinho, que fica a apenas 220 quilômetros de distância na fronteira com o Município de Pacaraima, a Norte do Estado, está mergulhado numa profunda crise política, econômica e social.
A falta de medicamentos e a escassez de alimentos e produtos básicos de higiene fizeram com que os venezuelanos atravessassem, em massa, a fronteira entre os dois países.
Todos os dias, centenas de venezuelanos lotam a área externa e as dependências da Superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro 13 de Setembro, zona Sul de Boa Vista.
Além do pedido de refúgio e visto para permanecer legalmente no Brasil, eles agora têm direito a solicitar residência temporária de dois anos, medida autorizada este mês pelo Conselho Nacional de Imigração.
Para entrar legalmente em Roraima, os venezuelanos precisam apresentar-se na Delegacia da Polícia Federal na fronteira entre os municípios de Pacaraima, ao Norte, e Santa Elena de Uairén. Na unidade é concedida uma espécie de visto temporário para que o estrangeiro fique em situação regular. Caso deixem de realizar o procedimento, são considerados estrangeiros ilegais.
Somente em 2016, segundo dados da Polícia Federal em Roraima, 516 venezuelanos foram deportados e mandados de volta ao país vizinho.
O número poderia chegar a quase mil, já que a Justiça impediu por meio de liminar, outras 540 deportações que seriam realizadas em ação conjunta com vários órgãos de segurança, em novembro.