
Dados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que Roraima foi o único estado brasileiro a registrar redução no número de óbitos em 2024. Enquanto o país apresentou aumento generalizado das mortes, o estado teve uma queda de 5,7% em relação a 2023, contrariando a tendência nacional.
O crescimento no número de óbitos entre 2023 e 2024 foi observado em todas as Grandes Regiões do país e em 26 Unidades da Federação, com exceção de Roraima. As maiores elevações ocorreram nas regiões Sul (7,4%), Centro-Oeste (6,2%), Sudeste (4,0%) e Nordeste (3,8%). A Região Norte apresentou o menor aumento relativo, de 3,2%.
Entre os estados, as maiores variações percentuais no número de óbitos foram registradas no Distrito Federal (11,6%), Rio Grande do Sul (7,6%), Santa Catarina e Goiás (ambos com 7,5%) e Paraná (7,0%).
Quanto ao local de ocorrência das mortes, o IBGE aponta que, em 2024, cerca de 74% dos óbitos aconteceram em hospitais. O percentual é inferior ao observado em 2021 (76,6%) e se aproxima do padrão registrado no período anterior à pandemia de covid-19. As mortes ocorridas em domicílio corresponderam a 19,7% do total, enquanto 3,2% ocorreram em via pública. Em outros 3,2% dos casos, o local não foi informado ou foi classificado como outro.
Cenário nacional
No Brasil, foram registrados 1.495.386 óbitos em 2024, número 4,6% superior ao de 2023, quando houve 1.429.575 registros. Esses óbitos foram contabilizados até o primeiro trimestre de 2025. A população idosa, com 60 anos ou mais, concentrou a maior parte das mortes, respondendo por 71,7% do total, o equivalente a 1.069.981 óbitos. Em comparação com o ano anterior, houve aumento de 5,6% nesse grupo etário, com 57.133 mortes a mais.
Em relação à natureza das mortes, 90,9% foram causadas por eventos naturais, 6,9% por causas externas e, em 2,2% dos registros, não foi possível identificar a causa. Do total de 65.811 óbitos a mais registrados no país em relação a 2023, 63.583 (96,6%) foram classificados como mortes por causas naturais.
Diferenças por sexo e faixa etária
Os dados também evidenciam diferenças importantes entre homens e mulheres. As taxas de mortalidade femininas são menores em todas as faixas etárias, o que resulta em maior número de mulheres atingindo idades mais avançadas. Em 2024, a esperança de vida ao nascer foi estimada em 79,9 anos para as mulheres e 73,3 anos para os homens.
As mortes por causas externas — como homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos e quedas — atingem majoritariamente a população masculina. Em 2024, foram registrados 85.244 óbitos masculinos por causas não naturais, volume 4,7 vezes maior que o de óbitos femininos (18.043). Entre jovens de 15 a 29 anos, essa diferença foi ainda mais acentuada: 27.575 mortes de homens contra 3.563 de mulheres, uma proporção 7,7 vezes maior.
Os dados reforçam o comportamento atípico de Roraima no contexto nacional e evidenciam os desafios demográficos e de saúde pública enfrentados pelo país, especialmente diante do envelhecimento da população e da persistência da sobremortalidade masculina por causas externas.