CRESCIMENTO POPULACIONAL

Roraima é o único estado com fecundidade acima da taxa de reposição

Enquanto Brasil tem menos filhos, Roraima segue crescendo

A Região Norte, historicamente marcada por índices elevados de fecundidade, também vem registrando queda ao longo das décadas (Foto: Divulgação)
A Região Norte, historicamente marcada por índices elevados de fecundidade, também vem registrando queda ao longo das décadas (Foto: Divulgação)

Em um Brasil que caminha para o envelhecimento populacional, Roraima surge como um ponto fora da curva. De acordo com os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado é o único do país cuja taxa de fecundidade total — número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva — permanece acima do nível de reposição populacional, estimado em 2,1 filhos por mulher. Em Roraima, esse índice chegou a 2,19.

O contraste é nítido quando comparado à média nacional, que caiu para 1,55 em 2022, refletindo uma tendência de queda contínua desde os anos 1960, quando o país registrava 6,28 filhos por mulher. Mesmo na Região Norte, que ainda apresenta os maiores índices de fecundidade do Brasil, Roraima está acima dos demais. Amazonas aparece em segundo lugar, com 2,08 filhos por mulher, seguido por Acre (1,90).

Esse cenário chama atenção não apenas pelo descompasso com o restante do país, mas também por indicar uma realidade social e demográfica distinta. Enquanto regiões como o Sul e o Sudeste atingiram níveis de fecundidade comparáveis aos de países europeus — Rio de Janeiro (1,35), Distrito Federal (1,38) e São Paulo (1,39) —, Roraima mantém uma taxa que garante, por si só, o crescimento populacional.


Região Norte resiste à tendência nacional, mas também apresenta queda

A Região Norte, historicamente marcada por índices elevados de fecundidade, também vem registrando queda ao longo das décadas. Em 1960, a taxa era de 8,56 filhos por mulher. Em 1980, ainda permanecia alta, em 6,45. No entanto, em 2010, já se aproximava do nível de reposição (2,47), e em 2022 caiu para 1,89 — a mais alta entre as regiões, mas ainda abaixo da reposição, com exceção de Roraima.


Fecundidade em queda em todo o país

Os dados do IBGE revelam um panorama nacional de declínio da fecundidade e adiamento da maternidade. Em 2000, a taxa no Brasil já havia caído para 2,38, atingindo 1,90 em 2010 e 1,55 em 2022. O perfil da mulher brasileira mudou: hoje, elas têm menos filhos e em idades mais avançadas.
Esse fenômeno não é exclusivo das regiões mais urbanizadas. O Nordeste, por exemplo, que em 1960 apresentava taxa de 7,39 filhos por mulher e ainda teve um leve aumento para 7,53 em 1970, passou a registrar quedas significativas a partir da década de 1980. Em 2022, a taxa chegou a 1,60, abaixo inclusive do Centro-Oeste (1,64).
Já no Sul, tradicionalmente a região com menores índices, a fecundidade passou de 5,89 em 1960 para 1,50 em 2022. O principal recuo ocorreu entre 1970 e 1991, quando caiu de 5,42 para 2,51.


Roraima na contramão: desafio ou oportunidade?

O desempenho de Roraima levanta debates importantes. Por um lado, a taxa de fecundidade acima da reposição pode sinalizar uma população mais jovem e com potencial de crescimento demográfico, em contraste com o envelhecimento observado em outras regiões. Por outro, impõe desafios em termos de políticas públicas, como educação, saúde materno-infantil e planejamento urbano.
Em um cenário onde o Brasil se aproxima da estagnação populacional, a realidade de Roraima destaca-se como exceção e merece atenção específica. Os próximos anos dirão se essa tendência se manterá ou se o estado seguirá o curso nacional de redução da fecundidade.

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