Cotidiano

Roraima conquista status de livre de aftosa com vacinação após avaliação

Com o reconhecimento de área livre da doença, Estado receberá recursos federais e poderá exportar carne para mercados vizinhos

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A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou, de forma antecipada, o resultado da última auditoria realizada no final de outubro e concedeu a Roraima o status de livre de aftosa com vacinação. O anúncio oficial deverá ser feito por meio de uma instrução normativa que irá conferir a elevação do status.

A avaliação positiva era um dos critérios necessários para que o Estado mudasse o status anterior classificado como de médio risco de aftosa para livre com vacinação. Com a elevação, apenas os Estados do Amazonas e Amapá, que também passaram por auditoria, seguem com status de médio risco.

Após não obter nota suficiente para elevação de status na auditoria realizada em 2015, técnicos do Mapa retornaram a Roraima, no mês passado, para a realização de outra auditoria no Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, que tem como estratégia principal a implantação progressiva e manutenção de zonas livres de doença, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Com o resultado positivo e sendo considerado pelo Mapa como um Estado livre de aftosa com vacinação, Roraima poderá agora obter uma série de benefícios, como o aumento de recursos federais destinados para o controle da doença.

Com um sistema de controle e combate à febre aftosa sendo levado mais a sério, Roraima poderá, inclusive, exportar carne bovina para os estados vizinhos, como Amazonas, Pará e Rondônia, sendo os dois últimos possuindo o mesmo status de livre da doença com vacinação.

“Ainda não recebemos o resultado da auditoria, mas já está certo que Roraima irá passar ao status de livre de aftosa com vacinação. Falei com o secretário de defesa agropecuária e ele disse que o resultado da auditoria foi muito bom e que o Estado vai, sim, mudar de status, mas quando sairá o certificado é uma questão meramente formal”, disse o superintendente federal de agricultura em Roraima, Plácido Alves.

Ele destacou a importância do avanço do Estado no cenário nacional na luta contra a febre aftosa. “É uma conquista de todos. Não foi na velocidade que todos queriam, mas é um plano que tem um cronograma a ser cumprido e o Ministério entendeu na última auditoria que Roraima atendeu aos requisitos e teve seu status elevado”, afirmou.

Com a mudança, o superintendente ressaltou que Roraima passará a melhorar a cadeia produtiva da pecuária. “Vai ser trabalhado o melhoramento genético, alcançando novos mercados e melhorando a vida de todos os produtores envolvidos, que tiveram um papel fundamental de acompanhar e cobrar”, destacou.

CRITÉRIOS – A classificação de níveis de risco por febre aftosa, de acordo com a Portaria 50, leva em consideração não só a presença do vírus ou ocorrência de casos clínicos da doença, mas também a qualidade do serviço veterinário, a situação de áreas vizinhas, a cobertura vacinal, entre outros critérios.

De acordo com a IN 44, de 2 de outubro de 2007, para um Estado ou parte dele ser reconhecido como zona livre de febre aftosa ou como zona tampão, deverá apresentar, no mínimo, classificação BR-3 (risco médio) para febre aftosa ou outra classificação de risco semelhante a que venha a ser adotada pelo Ministério da Agricultura.

O último caso de febre aftosa notificado no estado ocorreu no município de Caroebe, em 2001. Há dez anos, o Brasil se mantém sem ocorrência da doença e avançou significativamente com suas zonas livres, que alcançam 77% do território nacional, com 99% dos bovinos.

VACINAÇÃO– Na primeira etapa da campanha de vacinação contra a aftosa, realizada em abril de 2016, foram imunizados 768.129 animais. Em 20 dias a Aderr concluirá os relatórios da vacinação referente a 2016 e dará publicidade ao dado. (L.G.C)

Próximo passo será reconhecimento em nível internacional, informa Aderr

O reconhecimento de Roraima como zona livre de aftosa com vacinação, por enquanto, é em nível nacional. O Estado ainda continua com algumas barreiras sanitárias até alcançar o reconhecimento em nível internacional, que será dado pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Para o presidente da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Vicente Barreto, o próximo passo a partir da elevação do status será a consolidação com mercados vizinhos e a espera para que o Estado se torne área livre internacional.

“A partir de agora iremos visar o crescimento do rebanho, consolidar o mercado com o Amazonas e esperar a área livre internacional, pois estamos avançando nacionalmente e depois que formos para o pleito internacional iremos juntos com o Amazonas, pois o status ainda não nos permitirá exportar para países de áreas livres com vacina”, explicou.

Conforme ele, apesar de já ter sido anunciado, a Agência não foi informada oficialmente sobre a mudança de status. “Por enquanto, o que acordamos na sexta-feira passada com toda a equipe técnica do Mapa é que iríamos fazer os ajustes e esperar que o relatório da auditoria chegasse para que então fosse homologada a área livre, mas isso só iria acontecer em fevereiro ou março. Ontem fomos pegos de surpresa com a informação de que estaríamos em área livre”, disse.

Uma das prioridades, de acordo com Barreto, será o fortalecimento do sistema de defesa animal. “Iremos implantar uma zona de proteção em Pacaraima para proteger da Venezuela. Vamos continuar estruturando nossos serviços de capacitação e estar cada vez mais próximos do produtor. O nosso rebanho agora tende a aumentar, porque esse era o grande incentivo que o setor estava precisando para que houvesse uma alavancada na criação de gado de corte”, frisou.

Ele destacou as mudanças na matriz econômica para que o Estado se tornasse área livre da doença. “O objetivo era mudar nossa matriz econômica e fortalecer a defesa animal. Para isso o governo contratou todos os aprovados em concurso como médicos veterinários, agrônomos, técnicos agrícolas, administrativos, e estruturou nossa frota, que é nova, com condições de trafegabilidade para podermos nos deslocar para qualquer lugar do Estado”, informou.

Pecuaristas já visualizam novos mercados

Um dos aspectos que barravam a exportação da carne produzida em Roraima era o fato de que o Estado possuía status de médio risco para aftosa. Com a elevação para livre da doença com vacinação, os pecuaristas já começam a almejar outros mercados, objetivo que deve ser alcançado após a abertura de um frigorífico com condições sanitárias aptas para a exportação do produto.

“O status de livre de aftosa é importante. Demos o primeiro passo, mas o Matadouro Frigorífico de Roraima [Mafir] não tem condições sanitárias para exportação e nem capacidade de abate. Nos próximos meses será inaugurado o Frigo 10, que atende todas as exigências e poderemos exportar a nossa produção”, disse o pecuarista Antônio Denárium.

Segundo ele, o modelo atual de venda do excesso de carne produzida no Estado traz prejuízos aos empresários. “Mandamos o boi vivo para Manaus em caminhão boiadeiro, o que gera um prejuízo grande para os pecuaristas daqui, porque quando mandamos um caminhão com 20 bois para Manaus pagamos R$ 3,5 mil por uma carga, enquanto se mandássemos 100 bois abatidos em caminhão refrigerado gastaríamos em torno de R$ 5 mil”, avaliou.

Conforme o produtor, com a abertura do novo frigorífico, os abates serão feitos com condições sanitárias e o mercado terá capacidade de exportação elevada. “Hoje Roraima é autossuficiente na produção de carne.

Estamos tendo uma demanda grande de empresas do Brasil inteiro ligando para comprar nossa carne para exportação. Recebemos ligações da China, da Turquia e da Venezuela”, frisou.

Um dos pecuaristas que iniciaram a ideia de criação da Agência de Defesa Agropecuária no Estado, Ermílio Paludo, afirmou que o órgão foi fundamental para que Roraima se tornasse livre de aftosa. “A pecuária sempre foi o setor mais importante do Estado, porque aqui começou há muitos anos, mas não tínhamos agência de defesa animal, que era fundamental para que elevássemos o status. Dei a ideia para o governo da época e a agência foi criada”, lembrou.

Para ele, sem os investimentos, o Estado jamais conseguiria a elevação do status. “O governo atual entendeu a importância da pecuária e foi feliz, porque aumentou em 130% os investimentos na agência de defesa.

Houve um trabalho no sentido de podermos evoluir. O mercado vem antes que qualquer coisa, não há como aumentar a produção sem o escoamento e o mercado internacional que todos sonham e desejam porque paga melhor e estamos em uma região onde os mais próximos são o exterior”, pontuou. (L.G.C)

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