Roraima chega aos 31 anos fortalecendo o agronegócio como a principal fonte para tirar o Estado da economia do contracheque e formar uma nova matriz econômica voltada para exportação de soja, arroz e milho.
À Folha, o secretário da Seapa (Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Emerson Baú, disse considerar o agronegócio estratégico para que o estado saia de sua dependência do setor público e abra novas perspectivas de crescimento.
“O agronegócio é o potencial que temos no estado para mudar essa matriz econômica, fortalecendo o setor primário com melhorias na produção, aumento da área plantada e focando na sustentabilidade ambiental, econômica e social”, disse.
Hoje, Roraima tem uma área plantada de aproximadamente 65 mil hectares, sendo 40 mil de soja, 15 mil de milho e 10 mil de arroz irrigado.
Ele citou que há um grande interesse de investidores de outros estados nos últimos meses. “São de seis a oito grupos, por semana, de empresários de grãos e de pecuária, que estão vindo conhecer Roraima, e alguns já estão fazendo negócios”, disse. “Hoje (ontem) estava com um grupo canadense que já produz na Bahia e vieram a Roraima para analisar áreas de ampliação de seus plantios”, disse. “Tem também o maior produtor de melão do mundo, que é do Rio Grande do Norte, e veio a Roraima para fechar parceria com dez produtores locais e implantar suas tecnologias na produção do melão. E ficou bastante impressionado com nossa terra”, disse.
Entre os gargalos que ainda precisam ser resolvidos para fazer o Estado desenvolver, Baú citou a insegurança jurídica e a titulação das terras, agilidade no licenciamento ambiental, logística e o reordenamento da produção com a criação do Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE).
“Tem que haver segurança jurídica para ter o investimento do empresário e aproveitar essa localização privilegiada que temos e resolver nossa logística de escoar a produção. E os empresários que chegam para conhecer o Estado querem saber da logística”, disse.
Em relação ao pequeno produtor e agricultura familiar, Baú disse que o Governo está implementando projetos para fomentar as pequenas propriedades rurais através de cooperativas.
“Quem faz a geração de emprego e renda de maneira efetiva é o pequeno produtor. Já recebemos 80 associações e cooperativas e estamos fortalecendo e regularizando as entidades para que funcionem e se sintam representados”, disse. (R.R)
Produtores falam porque escolheram Roraima para viver
Ermilo Paludo e Nelson Itikawa, que já estão em Roraima há quatro décadas plantando arroz, milho e soja
Terra e água com fartura, além do clima que proporciona maior produtividade durante todo o ano, e o mercado próximo foram alguns motivos citados pelos produtores Ermilo Paludo e Nelson Itikawa, que já estão em Roraima há quatro décadas plantando arroz, milho e soja.
Ermilo Paludo chegou ao Estado no início da década de 1980 para trabalhar com pecuária e depois passou a planar soja e milho. São aproximadamente 450 hectares de soja e 400 de milho por ano.
Ele destacou o clima favorável e topografia como pontos positivos para se produzir em Roraima, além da proximidade do mercado de Manaus.
“Pode plantar que mercado não falta”, disse. “Temos ainda o Caribe que surge com potencial e precisa ser trabalhado”, afirmou.
Entre as dificuldades para se produzir em Roraima, Paludo citou a questão indigenista, fundiária e a falta de política de desenvolvimento do setor primário.
“Os governos anteriores não tiveram a preocupação de estabelecer políticas para o setor. Temos que criar alternativas econômicas que nos deem sustentabilidade”, disse. “Temos que resolver o Zoneamento Ecológico Econômico e lutar pala estrada da Guiana e ter uma logística extraordinária e estratégica para exportar grãos e importar insumos”, afirmou.
Já Nelson Itikawa é produtor de arroz em Roraima desde o ano de 1981 e iniciou sua plantação na terra indígena Raposa Serra do Sol, onde chegou a 1,6 mil hectares plantados. Porém, teve que sair da terra depois da demarcação.
“Perdi toda minha área e comecei a plantar em terras arrendadas com 600 hectares e hoje temos 1,8 mil hectares de arroz irrigado por ano”, disse. “Estamos recuperando os dez anos perdidos”, afirmou.
Em relação aos pontos positivos, Itikawa citou o fato de Roraima ter terras novas, muita água e um solo propício para irrigação.
“Além destes pontos, o Estado apresenta regime de chuva bem definido, clima quente inverso ao sul do país e podemos plantar num período mais longo”, disse. “Além de que acreditamos que estamos otimistas com o atual governo”, afirmou. (R.R)