Cotidiano

Renda domiciliar per capita de Roraima caiu para 3ª posição

Renda domiciliar per capita de Roraima caiu para 3ª posição Renda domiciliar per capita de Roraima caiu para 3ª posição Renda domiciliar per capita de Roraima caiu para 3ª posição Renda domiciliar per capita de Roraima caiu para 3ª posição

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

O terceiro rendimento domiciliar per capita de 2019, na região Norte, foi de Roraima, com R$1.043,94. Na frente ficaram Rondônia (R$1.136) e Tocantins (R$1.055). Foi a primeira vez que Roraima saiu do topo do ranking desde o início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), em 2014. Em todo o país, o estado com menor renda domiciliar foi o Maranhão (R$ 635,59).

Se você não sabe, eu te explico. A renda domiciliar per capita é a renda média do morador roraimense. Para o cálculo, primeiramente, são somados os salários de todos os residentes. Depois, o total é dividido pelo número de moradores. Por exemplo, se na sua casa duas pessoas trabalham e a renda salarial total é de R$ 8 mil, e há quatro pessoas, a renda média de cada residente é de R$2 mil.

A pesquisa, no entanto, não considera a população total da localidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a PNAD Contínua tem como população-alvo os moradores em domicílios particulares permanentes. Ou seja, no caso de Roraima, não são consideradas as pessoas que moram na rua, em invasões ou em terras indígenas.

O maior rendimento domiciliar per capita de Roraima foi de R$1.204, em 2018. Em um comparativo com o ano passado (R$ 1.043), a queda foi de aproximadamente 13%. Nesse momento, você deve estar pensando: “estamos mais pobres”. Entretanto, o economista Fábio Martinez avaliou que o rendimento de 2019 reflete a realidade do estado.

“Nossa renda pode ter crescido, mas sabemos que tivemos a chegada em massa de uma população migrante com renda quase zero, crise no Governo estadual e intervenção federal. Alguns setores cresceram, mas não vimos o motivo real de um crescimento tão acentuado da riqueza em 2018. Eu, particularmente, acredito que eles não devem ter considerado a população imigrante que possui residência fixa”, explicou.

AÇÃO – À época, a Procuradoria do Estado de Roraima (PGE) impetrou uma ação contra o IBGE, a partir de um estudo técnico da Secretaria de Planejamento de Roraima (Seplan), que mostrou a relevância da exclusão de imigrantes e áreas indígenas no caso de Roraima, tendo em vista a representatividade em mais de 10%. Não menos importante, foi destacado ainda o impacto no recebimento do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

FUNDO – O FPE tem duas formas de distribuição: a primeira, que abrange cerca de 92% do dinheiro, tem um critério fixo desde 1989. Nesta forma, Roraima recebe o equivalente a 2,4%. A segunda parcela, que é variável e representa cerca de 8%, depende da população e da renda. O que isso tem a ver? Bom, com base em uma estimativa feita pelo economista, para cada R$ 1 a menos na renda domiciliar per capita, Roraima sofre um impacto de aproximadamente R$300 mil reais em FPE. “Por conta desse aumento de 2018, podemos deixar de receber cerca de R$ 70 milhões este ano”, esclareceu. Isso mesmo, os estados recebem o FPE a partir do rendimento calculado no ano anterior. Dessa forma, em 2021, o estado voltará a receber a quantia “esperada” para a realidade.

DECISÃO JUDICIAL – Conforme matéria publicada pela Folha no mês passado, uma decisão da Justiça Federal determinou de forma liminar que o IBGE insira a população de imigrantes venezuelanos e indígenas para efeito de definição da renda domiciliar per capita do estado. A decisão, que é inédita, foi dada pelo juiz Helder Girão Barreto após mandado de segurança impetrado pelo procurador Marcelo Mendes, da PGE, e deve alterar o cálculo do FPE para Roraima.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.