Cotidiano

Remédio que impede puberdade precoce está em falta em farmácia do governo

O medicamento Lorelin Depot, utilizado para impedir a puberdade precoce em meninas, está em falta nas farmácias do governo. A estudante de enfermagem M.J., que preferiu não se identificar, relatou à Folha que a filha de 8 anos não consegue tomar o remédio há sete meses. A mãe dela afirma ter protocolado três reclamações junto ao Ministério Público de Roraima.

Com dose de 3,75mg e custando R$ 667,08, o Lorelin Depot é indicado também para a prevenção de endometriose (inflamação na parede uterina), mioma no útero e tratamento paliativo de câncer de próstata. A filha de M.J. injeta uma dose a cada 21 dias, há dois anos. Sem o remédio, a menina entra na puberdade, com o crescimento dos seios e de pelos na região genital.

Com a receita em mãos, a mãe da criança esteve no MPRR nos dias 8 de agosto, 1º de outubro e 17 de outubro deste ano. “Eles me pedem um orçamento, porque os valores deles estão desatualizados. Falam que tenho que aguardar, sendo que a lei do SUS [Sistema Único de Saúde] garante o direito da minha filha”, disse. Segundo a mulher, outros pais estão na mesma situação. “Eu já rodei em várias farmácias por aí atrás deste remédio”

GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) explicou que a compra do medicamento Lorelin Depot tem sido tentada tanto através de dispensa de licitação quanto por pregão eletrônico. Esta última é uma modalidade mais rápida e nacional, em que fornecedores podem se cadastrar pela internet. A dispensa de licitação acontece quando não há interessados no processo e em situações de emergência.

As cinco últimas vezes em que o Estado tentou adquirir o medicamento foram fracassadas, ou seja, não houve empresas interessadas no fornecimento. Por isso, a Coordenadoria-Geral de Assistência Farmacêutica (CGAF), da Sesau, providencia nova tentativa de aquisição.

“Esclarecemos que a Sesau precisa seguir normas rígidas para aquisição de medicamentos, principalmente no que diz respeito ao limite de preço, o que pode retardar a aquisição ou entrega de alguns materiais ou medicamentos específicos”, diz a nota.

Ainda assim, a Secretaria frisou que Roraima passou de 23% de abastecimento de medicamentos pelo SUS em 2014 para 70% em 2016, chegando perto do Paraná, que é o Estado com mais remédios disponíveis nas farmácias do governo, com índice de abastecimento em torno de 80%. (NW)

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