APONTA RELATÓRIO

Em Roraima, 102 casos de violência contra crianças indígenas foram registrados em 2023

Os dados apontam a grave situação das crianças indígenas em Roraima, particularmente em relação à violência sexual

Em Roraima, 102 casos de violência contra crianças indígenas foram registrados em 2023 Em Roraima, 102 casos de violência contra crianças indígenas foram registrados em 2023 Em Roraima, 102 casos de violência contra crianças indígenas foram registrados em 2023 Em Roraima, 102 casos de violência contra crianças indígenas foram registrados em 2023
A pesquisa tem dados de violência contra crianças indígenas de 0 a 12 anos (Foto: Ilustrativa/ Nilzete Franco/FolhaBV)
A pesquisa tem dados de violência contra crianças indígenas de 0 a 12 anos (Foto: Ilustrativa/ Nilzete Franco/FolhaBV)

Um grupo de 11 pesquisadores roraimenses lançou hoje a conclusão de uma pesquisa que traz dados levantados em 2023, sobre as violências sofridas por crianças indígenas em Roraima. O relatório sobre infâncias indígenas revela a falta de centralização de dados e ausência de diálogo entre instituições públicas. 

A pesquisa é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado  “Povos Originais e suas Infâncias no Brasil, com Estudo de Caso no Amazonas e Mato Grosso”, e ampliou seu escopo após constatar o aumento de casos. Os dados estão organizados em três eixos: promoção, defesa e controle de direitos.

A pesquisa foi desenvolvida em 2024, e teve como coordenação geral o Observatório dos Povos Originários/Indígenas e suas Infâncias (OPOI), com o formato de estudo amplo coletando e analisando dados acerca da violência sofrida por crianças e adolescentes indígenas de todo o Brasil. O estudo já está sendo entregue nos ministérios, governo federal e etc. 

Os pesquisadores roraimenses integraram a pesquisa, fazendo o levantamento de dados das condições de vida e violação de direitos das crianças na terra indígena Canauanim 1, inicialmente realizaram apenas a apuração dos dados, mas o pesquisador e coordenador da pesquisa em Roraima, Paulo Thadeu das Neves, explicou que ao analisarem a situação a qual se encontravam ampliaram a pesquisa. 

“Quando nós chegamos na terra indígena Canauanim 1, com os dados, nós decidimos não só citar Canauanim 1, mas abranger a pesquisa de modo geral, porque o número de de violação de direitos com crianças indígenas era muito grande. Então, nos apegamos em um levantamento de dados da Polícia Civil de 2023 e focamos nesse estudo mapeando os dados”, esclareceu Paulo Thadeu.

Os dados do estado de Roraima apontam que os 15 municípios registraram um total de  1.390 casos de violências contra crianças e adolescentes de 0 a 18 anos no ano de 2023. A capital Boa Vista concentra a maior parte dos registros com 928 casos (66,8% do total). De acordo com os pesquisadores, essa alta concentração de casos em Boa Vista pode estar relacionada à sua maior densidade populacional, melhor infraestrutura de denúncia e serviços públicos mais acessíveis.

De acordo com o levantamento de dados da pesquisa os números relacionados às crianças indígenas no estado são mais alarmantes, foram registrados 102 casos de violência contra crianças indígenas de 0 a 12 anos em nove dos 15 municípios de Roraima, desses, 63 casos (61,8%) envolvem estupro de vulnerável, uma forma de violência extremamente grave. 

Os municípios de Normandia e Boa Vista se destacam com os maiores números de casos. Boa Vista, com 26 casos no total, reflete a urbanização e a maior densidade populacional, enquanto Normandia, com 24 casos, apresenta a maior proporção de estupro de vulneráveis, indicando um contexto de extrema vulnerabilidade nas áreas indígenas. 

De acordo com Paulo Thadeu, após a divulgação dos dados da pesquisa e o seu conhecimento pela comunidade geral será possível combater essas violências de forma mais eficaz. “Essa pesquisa vai servir para que o Sistema de Garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes do estado de Roraima (SGDCA), possa pautar ações a curto, médio e longo prazo no fortalecimento das políticas públicas nos eixos propostos como o de promoção, o de defesa e o de controle dos direitos das crianças indígenas”, afirmou o pesquisador.

No Brasil, o mês de maio é voltado para a campanha maio laranja, uma iniciativa que visa dar foco ao combate ao abuso e à exploração sexual infantil. Dia 18 é marcado como dia em alusão a essa luta. Instituído pela Lei Federal 9.970/00, a data é uma conquista que demarca a luta pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no território brasileiro e que já alcançou muitos municípios do nosso país.

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