Roraima
A formação reúne lideranças indígenas de dez regiões (Foto: Divulgação)
Lideranças indígenas de Roraima se reúnem para alinhar as últimas estratégias rumo à 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. A Oficina de Formação ocorre em Boa Vista, entre os dias 27 e 28 de outubro, no auditório do Hotel Blue Inn.

Participam da atividade representantes das dez etnoregiões que compõem a base do Conselho Indígena de Roraima (CIR), além de convidados de outras organizações, como a Hutukara Associação Yanomami (HAY). 

Durante o encontro, são discutidos temas centrais da conferência, como a atuação nas duas principais áreas do evento: a zona azul (Blue Zone), espaço onde ocorrem as negociações oficiais e os pavilhões nacionais, e a zona verde (Green Zone), dedicada ao diálogo sobre inovação, sustentabilidade e investimentos, envolvendo organizações da sociedade civil, instituições públicas e privadas.

A formação é conduzida por Sinéia do Vale, líder global do clima e co-presidente para a América Latina e o Caribe do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas, o Caucus Indígena. Sinéia é também enviada especial à COP 30 e tem papel de destaque internacional na pauta climática. Mestre em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais pela Universidade de Brasília (UnB), ela acumula mais de três décadas de atuação em defesa dos direitos indígenas, da preservação ambiental e do fortalecimento das comunidades tradicionais.

Pertencente ao povo Wapichana, Sinéia coordena o Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC) do Conselho Indígena de Roraima (CIR), organização que completou 54 anos em 2025. Entre suas contribuições, destaca-se o estudo Amazad Pana’ Adinham: percepção das comunidades indígenas sobre as mudanças climáticas, referência mundial no enfrentamento dos efeitos climáticos a partir da perspectiva dos povos indígenas. Ela também atua como coordenadora do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC).

Reconhecida nacional e internacionalmente, Sinéia foi a única brasileira convidada a participar da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, promovida em 2021 pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ocasião em que discursou sobre a luta dos povos indígenas pela proteção de seus territórios. 

Em 2022, recebeu o prêmio Mulheres que Fazem a Diferença, concedido pela Embaixada e Consulado dos Estados Unidos. No ano seguinte, foi homenageada com o Troféu Romy, da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), em reconhecimento à sua atuação em prol do meio ambiente e dos direitos humanos. 

Em 2024, foi reconhecida como “cientista indígena do Brasil” pelo Planetary Guardians, iniciativa internacional que reúne lideranças e cientistas para discutir ações urgentes frente à crise climática global. 

Ao longo de sua trajetória, Sinéia tem representado os povos indígenas nas Conferências Mundiais sobre Mudanças Climáticas, destacando os saberes tradicionais como aliados essenciais na construção de soluções sustentáveis. Para ela, a presença das lideranças indígenas na COP 30 reforça o protagonismo dos povos originários na defesa da Amazônia e na busca por um futuro mais equilibrado para o planeta.